A ocupação do espaço público pela comunidade é a melhor alternativa para manter a criminalidade afastada. Este é o consenso dos especialistas que participaram ontem de manhã do da audiência pública sobre segurança, organizada pela OAB, Ministério Público (MP) e Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Londrina. Eles discutiram o tema Política urbana e segurança pública.
O major da reserva da Polícia Militar e especialista em trânsito e administração policial, Sérgio Dalbem, afirmou que o controle social preventivo é o mais barato e o mais simples de ser executado e que a ocupação do espaço público é uma forma importante de evitar os delitos.
E citou como exemplo o Centro Comunitário do Conjunto Violin (zona norte), que está abandonado há vários anos. Segundo ele, o espaço poderia ser usado para atividades esportivas, culturais e educacionais, garantindo a presença da comunidade no local. "A política pública não chegou lá. Londrina tem vários projetos a respeito da prevenção, mas isso tem que ser unido. Teríamos que ter no município uma secretaria voltada à segurança, em que uma equipe multidisciplinar pense a segurança pública."
Dalbem destacou também a importância de se planejar o mobiliário urbano de forma a favorecer a segurança, como praças no nível da rua, facilitando a observação do que ocorre no local por quem passa na rua.
O Projeto Lutas Londrina, formado por acadêmicos da Universidade Estadual de Londrina, também defendeu a ocupação urbana. Deise Maito, Luara Scalassara e Bárbara Garcia exemplificaram o sucesso obtido no Conjunto Eucaliptos (zona leste), onde a atuação da Associação de Moradores criou diversas oficinas, como balé, hip hop e capoeira, além da iluminação das vias. "O abandono do espaço público facilita a prática dos delitos. Quando se ocupa o espaço, ele se torna mais seguro."
O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), Robinson Borba, destacou que o desenho urbano pode ajudar na prevenção do crime. "Temos esse papel de recomendar que os empreendedores se preocupem com a infraestrutura social. O governo municipal tem preocupação com isso e está tentando corrigir os erros das administrações anteriores, especialmente na questão do Vista Bela. Está sendo feito um esforço para tentar minimizar aqueles aspectos negativos, que não foram contemplados no projeto", exemplificou, referindo-se à falta de praças, escolas, posto de saúde e creche no residencial da zona norte.
"Foi extremamente rica essa discussão, assim como as de ontem (quinta-feira). Seria muito importante organizarmos audiências públicas específicas por temas. A comissão organizadora da audiência já tem uma reunião marcada para a próxima semana para discutir a sequência dessas discussões", avaliou o advogado Carlos Scalassara, membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Londrina.