Programa de Alfabetização para Idosos do CCI é uma extensão do EJA e possui estratégia diferenciada para atender a demanda da população
Programa de Alfabetização para Idosos do CCI é uma extensão do EJA e possui estratégia diferenciada para atender a demanda da população | Foto: Marcos Zanutto



Quando se trata de independência, a alfabetização é uma potente ferramenta. Percebendo a importância das letras e as dificuldades dos idosos, o CCI (Centro de Convivência da Pessoa Idosa) da zona leste deu início ao Programa de Alfabetização para Idosos na última semana. A iniciativa funciona como extensão da EJA (Educação para Jovens e Adultos) e teve apoio das Secretarias Municipais do Idoso e da Educação. As aulas são realizadas nas terças, quintas e sextas-feiras, das 14h às 16h30.

De acordo com Cleir Brandão, gerente de articulação comunitária do CCI, a ideia surgiu da demanda da comunidade em conjunto aos interesses da prefeitura, buscando por um novo formato de educação. "Nós queríamos implantar uma estratégia que atendesse a população que já possui um vínculo com o CCI e que moldasse os horários de aulas e metodologia de ensino de acordo com o perfil dos alunos", informa. A ideia é que o programa leve a oportunidade para demandas e necessidades diferentes daquelas já atendidas pela EJA.

Ao todo são 30 vagas e a primeira turma já possui 25 alunos. No primeiro dia do curso, Celso Ferracini, 63, se diz um pouco tímido, mas animado para aprender. "Eu estudei muito pouco, morava no sítio. Eu até consigo ler e escrever, mas sinto dificuldades, troco algumas letras", explica. Desempregado, aproveita as tardes para estudar.

Para Basílica Aparecida de Oliveira, 67, ter a oportunidade de estudar agora é uma conquista. "Eu acho que é uma vitória. Quando chegam as correspondências em casa, tenho que ficar pedindo ajuda, mas vejo o dia em que eu vou conseguir ler um livro inteiro sozinha", afirma esperançosa.



Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2015, 8% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever, são 12,9 milhões de analfabetos no País. A coordenadora municipal da EJA, Déborah Flora dos Santos, explica que, segundo as estimativas do IBGE, Londrina possui aproximadamente 22 mil analfabetos com mais de 15 anos. A taxa aumentou 0,73% com relação a 2010, quando o número de habitantes também era menor. "Nós estamos procurando essa população de Londrina para atender a demanda. Por isso a extensão da EJA para o CCI, é a primeira vez que conseguimos essa autonomia para atuar em locais fora da escola, mas com todo o apoio e com a mesma qualidade do ensino escolar", explica.

Maria Luíza Felício, 68, faz parte da estatística. "Eu vou à igreja e tenho vontade de ler a Bíblia", revela. A aposentada conta que nem sempre recebe incentivo, pois as pessoas não entendem. "Uma vez meu filho falou para eu largar os estudos e ir viajar, mas como eu vou viajar se eu não sei ler? Como vou chegar em uma cidade desconhecida e pegar um ônibus ou qualquer informação sozinha?", questiona.

A independência é o desejo da maioria. Felício lamenta a falta de oportunidade na sua infância, mas olha com otimismo para o futuro. "Eu quero aprender e creio que vou conseguir", vislumbra. Para a mãe de quatro filhos, avó de 13 e bisavó de dois, para conquistar a alfabetização não há idade. "Eu não acho tarde, nunca é tarde para aprender um pouco", afirma.

O projeto é piloto e tem a intenção de se estender para outros locais da cidade. O curso completo tem duração de 3 anos, contemplando do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e é gratuito. Ao final, todos recebem certificado.

SERVIÇO
Alfabetização para Idosos
Onde: Centro de Convivência da Pessoa Idosa – Rua Gabriel Matokanovic, 260 – Jardim da Luz.
Quando: Terças, quintas e sextas-feiras, das 14h às 16h30
Mais informações pelo telefone (43) 3375-0307


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