Imagem ilustrativa da imagem Núcleo Irmã Scheilla transforma a vida de jovens da zona leste
| Foto: Anderson Coelho


O Núcleo Espírita Irmã Scheilla completará 23 anos como entidade filantrópica no dia 11 de setembro. A instituição surgiu com o objetivo de prestar atendimento à criança e ao adolescente em situação de risco e vulnerabilidade social, atendendo principalmente a população da zona leste de Londrina, de bairros como os jardins Marabá, Santa Fé, Interlagos e Vila Ricardo.

É o caso de Gabriel Ferreira da Gama, 19, da turma do curso profissionalizante de auxiliar administrativo. "Eu estudo aqui há três anos. Antes de fazer entrevistas e ser encaminhado para o mercado de trabalho fiquei um ano fazendo atividades dentro do Núcleo", conta, ressaltando que as aulas na entidade foram muito importantes para o início de sua vida profissional. "Temos aulas de formação pessoal, de como se relacionar no serviço, como dar a sua opinião no trabalho. Você acaba aprendendo a aplicar tudo isso no serviço e também leva essa formação para sua vida toda", explica o estudante, que atua como Jovem Aprendiz na Embrapa Soja e faz cursinho pré-vestibular. Por meio do programa Jovem Aprendiz, atualmente o Núcleo possui 148 jovens empregados com carteira assinada em 30 empresas de Londrina, e 50 jovens na fase de qualificação.

Ingressar em uma faculdade é o objetivo de vários estudantes atendidos no Núcleo, sendo que muitos deles já conquistaram essa meta. Um deles é Gabriel Pagnan Gonçalves, 19, que atualmente estuda Direito. Morador do jardim Ideal, ele relata que ingressou no Núcleo Irmã Scheilla com 16 anos. "Entrei aqui moleque e saí com 19 anos. Aprendi bastante coisa aqui", afirma, contando que continua frequentando o espaço. "Embora o curso de Direito seja um curso puxado, e não dê para vir no Núcleo com frequência, sempre que eu posso venho para cá para rever meus amigos. Eu criei um laço afetivo com a instituição."

O professor de informática e de formação pessoal, Fernando Cavalcante de Oliveira, explica que o fato de a instituição lidar com famílias em situação de risco faz com que muitos alunos tenham um comportamento difícil no início. "São jovens que ainda não têm responsabilidade, mas quando veem que estamos aqui para ajudar, são aqueles que guardam mais carinho e não querem ir embora", observa.
"Alguns alunos voltam para cá para fazer a inscrição de irmãos e primos e procuram manter o máximo de contato possível."

O professor destaca que muitos deles enfrentam problemas diversos, como familiares com envolvimento com drogas e bullying. "Trabalhamos todas essas questões em oficinas."


A coordenadora pedagógica da instituição, Magali Batista de Almeida, afirma que muitas crianças começam a participar do Núcleo ainda na barriga da mãe. "Elas são atendidas através dos nossos trabalhos voluntários e muitas crianças frequentam a instituição desde os três anos. Quando eles completam 14 anos ingressam no projeto Jovem Aprendiz. A partir daí fazemos um trabalho de qualificação para que ele possa chegar em uma empresa em condições de aprender o serviço", explica.

Segundo a coordenadora, quando uma empresa solicita um jovem aprendiz, o Núcleo já envia um aluno. "Lá ele trabalha de segunda a quinta-feira e na sexta o aluno assiste uma aula teórica no Núcleo. Acompanhamos essa pessoa na empresa e na escola também. O aluno deve apresentar o boletim e explicar por que a nota está baixa. Eu também vou à escola para falar com pedagogos e diretores para entender o que está acontecendo", relata.