Londrina

Marcos BorgesDesavisadosUm dos setores de atendimento da Prefeitura: quem chegou cedo teve de esperar até as 9 horasO novo horário de funcionamento da Prefeitura de Londrina, que entrou em vigor ontem, pegou alguns usuários de surpresa. Quem chegou cedo no prédio teve que esperar para ser atendido. Agora, os servidores atendem das 9 às 12 horas e das 14 às 17 horas. Antes, trabalhavam em turno ininterrupto de seis horas: uma parte entrava no serviço às 7h30 e saía às 13h30; o restante, das 12h30 às 18h30.
Elza Youssef, 40 anos, funcionária da Universidade Estadual de Londrina (UEL), chegou ontem à Prefeitura por volta das 8 horas, para fazer um pagamento. Foi aí que ficou sabendo que os guichês de recolhimento da Secretaria de Fazenda só abririam uma hora depois. Na opinião dela, a mudança não vai melhorar o atendimento ao público. ‘‘Quanto mais cedo eles começarem a trabalhar melhor para a gente’’, diz. ‘‘Agora precisamos sair no horário de expediente para vir fazer algum serviço.’’

Marcos BorgesO servidor Leonel: novos hábitosO produtor rural Rogério Martins, 28 anos, chegou às 9 horas. Mas ele estava acostumado a procurar a Prefeitura às 7h30. ‘‘O horário anterior estava muito bom. Agora, para quem precisa de agilidade, ficou pior.’’
E é essa a justificativa da administração municipal para o decreto, baixado no último dia 14, que mudou o horário e eu duas horas de almoço para o servidor: aumentar a agilidade do serviço prestado ao público. A secretária de Recursos Humanos, Zuleika Amaral Alves de Lima, acredita que o antigo horário provocava problemas de ‘‘sequência de serviço’’.
Segundo ela, com os servidores trabalhando juntos, pela manhã e à tarde, os pedidos do público poderão ser resolvidos em um só dia. Antes, comenta a secretária, o servidor que trabalhava à tarde não dava continuidade ao trabalho do funcionário da manhã - e vice-versa.

Marcos BorgesA secretária Zuleika: agilidadeDos cerca de 7 mil funcionários da Prefeitura, aproximadamente 3.500 estão fora da nova jornada de trabalho. São os funcionários da Secretaria de Educação e da Autarquia do Serviço Municipal de Saúde, incluído aí o pessoal da Biblioteca Pública. Zuleika Alves de Lima garante que as pessoas que procurarem a Prefeitura no horário de almoço, para qualquer tipo de requerimento, serão atendidos no Protocolo, que ficará aberto.
Ela comenta que a Secretaria já está recebendo e deferindo os pedidos de funcionários que estudam no período da manhã ou da tarde e que precisam continuar na jornada antiga de trabalho. ‘‘Esses funcionários devem se ajustar ao novo horário no ano que vem.’’
Ela não sabe o número de servidores que estudam e precisarão de um horário especial e também não tem idéia de quantos funcionários públicos municipais possuem dois empregos e terão que optar por um, devido a alteração no horário. Quem se encontra nesta situação poderá encontrar, em breve, um incentivo para deixar o emprego no município e ficar com o particular. É que, segundo a secretária, a Prefeitura já está estudando a implantação de um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para ser implantado pelo município.
A secretária de Recursos Humanos acredita que em 10 dias poderá ser feita uma avaliação completa das alterações na jornada de trabalho. Mas o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindserv), Gláudio Renato de Lima, afirma que o primeiro dia foi um caos. Ele reclama principalmente do transtorno que a mudança irá provocar no setor operacional.
Gláudio de Lima cita como exemplo os frentistas do posto de gasolina da Prefeitura, que vão começar a trabalhar só às 9 horas e atrasar o serviço do pessoal que trabalha no setor de operacionalização, da Secretaria de Urbanismo, Obras e Viação (Suov) ou da Autarquia do Meio Ambiente (AMA).
O Sindserv já entrou com uma ação cautelar preventiva para garantir que os funcionários prejudicados com a mudança possam continuar atuando no horário atual. Há também uma ação popular - assinada por diversas entidades - pedindo a garantia da jornada praticada anteriormente.


O agricultor Rogério: para piorA funcionária da Secretaria de Fazenda, Neuza Tiemi Kawaziri, 41 anos, casada, disse que vai ter que alterar sua rotina familiar devido à mudança no horário - ela trabalhava só no turno da tarde. Agora, vai ter que pagar mais um pouco para a empregada, que terá a jornada de trabalho ampliada. Por outro lado, na opinião de Neuza Kawaziri, o atendimento ao público vai melhorar: ‘‘Com todo o grupo reunido, o serviço vai melhorar.’’Leonel de Carvalho, 36 anos, casado, do Departamento Pessoal, disse que a principal mudança é a dos hábitos familiares. De agora em diante, não vai mais poder levar ou buscar o filho na escola ou fazer o mercado.
Na avaliação de Wagner Sussumu Hashimoto, 20 anos, a mudança é negativa. Ele cursa Direito à noite, mas terá que abandonar o curso de inglês que frequentava pela manhã. O rapaz acredita que o servidor vai ter mais despesas com o novo horário - dinheiro gasto com combustível para voltar para casa no horário do almoço ou com a comida em um restaurante próximo.