Será no dia 23 de julho, às 9h30, com uma missa na Catedral Metropolitana, a posse do novo arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes, de 60 anos. Uma festa esperada com expectativa não só pelos fiéis, mas também pelo próprio dom Orlando, que atualmente é bispo diocesano de Joinville (SC).
Ontem ele falou à Folha sobre a nomeação e o trabalho que pretende realizar nos 17 municípios que englobam a arquidiocese de Londrina, cidade que ele conhece apenas de passagem. ''Primeiro, quero incentivar um grande trabalho com os grupos bíblicos de reflexão; em segundo lugar estão as missões populares, um trabalho belíssimo feito por leigos, que visitam as casas para animar a fé e a religião; e por fim o trabalho junto aos jovens, através da Pastoral da Juventude'', planeja.
Mas não é só. De seu escritório em Joinville ele fala daquela que deve ser uma de suas marcas: as ações junto aos menos favorecidos. ''Como uma mãe que tem que atender primeiro aos filhos mais necessitados, a Igreja não pode faltar aos pobres.'' Os universitários, as lideranças comunitárias e políticas, representantes do comércio e do Judiciário também são citados pelo bispo como possíveis parceiros. ''Aqui, tenho reuniões semanais com os vereadores católicos, e gostaria de continuar este trabalho aí em Londrina.''
Bem-humorado e afável, dom Orlando teceu vários elogios a seu antecessor na arquidiocese de Londrina. ''Fui aluno de dom Albano entre os anos de 65 e 68, no Seminário Rainha dos Apóstolos, em Curitiba, onde cursei Filosofia. Ele era nosso professor e diretor espiritual, e sempre teve um grande poder de comunicação, tanto que os auditórios, em suas palestras, ficavam sempre lotados. Sou seu fã desde aquela época'', confessa, para completar: ''Quando ele fala, a gente abaixa a cabeça''.
Tanta admiração deve servir de inspiração para os novos desafios de dom Orlando, que agora vê sua responsabilidade aumentar diante de uma arquidiocese. ''Minha expectativa é servir a Deus em comunhão com dom Albano e com o clero, que são as mãos e os pés dos bispos.''
A mesma calma com que fala deve ser usada no período de adaptação a Londrina. ''Quero me adaptar à região sem pressa, assim como Jesus, que passou 30 anos em Nazaré. Quero ser como o médico, que antes faz o diagnóstico e só depois dá os remédios.'' Enquanto se prepara para a nova moradia, ele não tem dispensado muitos contatos telefônicos e por carta com dom Albano. O primeiro encontro entre ambos, após a nomeação pelo Vaticano, vai acontecer no próximo dia 5, em um retiro em Doutor Camargo (32 km a oeste de Maringá), onde estarão também vários padres da Arquidiocese.
Dom Orlando não esconde que ficou surpreso com a escolha da Santa Sé. ''Eu estou aqui só há 12 anos, nunca ouvi comentários de que pudesse ir para Londrina. Por outro lado, as transferências entre padres e bispos são muito normais, acontecem o tempo todo. O papa me escolheu, eu obedeço. E uma transferência é sempre um estímulo, uma chance para aprendermos. Enquanto estive em Joinville, aprendi a ser bispo.'' Ele ainda não sabe quem irá substituí-lo na cidade catarinense. ''Pode ser que até que o Núncio Apostólico diga quem será o novo bispo, a diocese seja conduzida por um administrador diocesano.''
Anteriormente cotado para assumir as Arquidioceses de Curitiba e Maringá, dom Orlando revela que embora ainda faltem exatos dois meses para sua posse, já está em Londrina com sua oração e com seu coração. ''Já cheguei aí espiritualmente e cordialmente.'' E mais uma vez cita aquele que tem como exemplo: ''Dom Albano sempre disse que Londrina é uma esposa muito linda, e eu já estou amando esta esposa, que é toda a Arquidiocese.''