Projeto mantém três turmas e podem participar alunos de 2 a 16 anos; todas as aulas são gratuitas
Projeto mantém três turmas e podem participar alunos de 2 a 16 anos; todas as aulas são gratuitas | Foto: Fotos: Saulo Ohara



Por enfrentarem dificuldades maiores de autonomia e um grau mais elevado de dependência para realizarem suas atividades diárias, pessoas com deficiências físicas e mentais acabam tendo poucos momentos de interação e socialização. O projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Natação para Todos foi criado com o objetivo de ensinar os princípios da natação a crianças e adolescentes, mas principalmente garantir a elas um momento lúdico e possibilitar maior liberdade no meio líquido.

A iniciativa é do Departamento de Ciências do Esporte e foi idealizado pela professora do curso de Educação Física da UEL Márcia Greguol, que coordenou projeto semelhante oferecido por uma organização não governamental em São Paulo. "Em 2007 me mudei para Londrina e trouxe o projeto para cá", contou. Hoje, são atendidos gratuitamente 47 alunos em três turmas e mais de dez nomes estão em uma lista de espera por novas vagas, mas o desafio de Márcia é angariar voluntários para a atividade.

"O que torna esse projeto tão lindo é a doação e o comprometimento dos voluntários. A minha admiração pela Márcia é pela doação, pela entrega. Para muitas crianças que vêm até aqui, esta é a única oportunidade que têm de entrar em uma piscina", aponta a advogada Claudia Yoshida, mãe de Tiemi, de 11 anos, que frequenta o projeto desde os 5 anos de idade. A menina tem leucomalácia periventricular, um tipo de lesão cerebral, e com o Natação para Todos, conta Claudia, melhorou o desenvolvimento cognitivo e apresentou evoluções também na parte motora. "A Tiemi tornou-se uma criança mais feliz. Quando está na piscina, não para de sorrir. Isso não tem preço", disse a mãe.

Thierry, de 9 anos, ingressou cedo no projeto, aos 3 anos de idade. Ele tem paralisia cerebral e, como não anda, a tendência é que as pernas atrofiem. Com o projeto, a motricidade de Thierry melhorou, assim como a coordenação motora e a autoestima, avalia a mãe, a dona de casa Susana Paula dos Santos. "Ele faz equoterapia, fisioterapia e participa do projeto de natação e só vejo melhoras no desenvolvimento. E ele adora, ainda mais com esse calor", comentou a mãe.

A aposentada Marilena Silva Rossi participa do projeto desde o início. Em 2017, irá completar nove anos de voluntariado. "Eu estava aposentada, sem nada para fazer, e a Márcia precisava de gente para ajudar. Comecei com um pouco de medo porque nunca tinha tido contato com criança especial, mas depois eu vi que é uma delícia. A gente aprende demais. São crianças bem-humoradas que só fazem coisas boas para a gente. Lidar com criança é bom, mas com criança especial é ainda melhor. Eles precisam da gente, mas a gente ganha muito mais deles. Gostei tanto que até trouxe meu companheiro para ser voluntário", contou ela, que participa acompanhando as crianças dentro da água.

Segundo Márcia, os voluntários podem desempenhar diversas atividades, como acompanhar as crianças dentro e fora da água, doar materiais como fraldas para piscina e auxiliar a professora do Departamento de Artes da UEL que oferece aulas de arteterapia às mães enquanto as crianças estão em aula. Não é necessária nenhuma formação na área. É preciso apenas gostar de trabalhar com crianças.

"A Tiemi tornou-se uma criança mais feliz; quando está na piscina, não para de sorrir. Isso não tem preço", disse a mãe Claudia Yoshida
"A Tiemi tornou-se uma criança mais feliz; quando está na piscina, não para de sorrir. Isso não tem preço", disse a mãe Claudia Yoshida



LAUDO MÉDICO
O projeto mantém três turmas. Às terças-feiras, as aulas acontecem das 9 às 10 horas e das 13 às 14 horas e, às quintas-feiras, das 13 às 14 horas. Parceira de Márcia no projeto, Larissa Bobroff Daros mantém uma quarta turma destinada a crianças e adolescentes que já passaram pelo projeto, onde aprenderam os fundamentos básicos da natação, e agora treinam para ser paratletas. As aulas dessa turma acontecem às quintas-feiras, das 14 às 15 horas.

Do projeto Natação para Todos podem participar alunos de 2 a 16 anos de idade, com deficiência intelectual, motora, visual ou auditiva. É necessário ter um laudo médico que ateste o problema da criança e antes de iniciar no projeto, elas devem passar por avaliação. Por isso, Márcia aconselha aos interessados irem pessoalmente até o Centro de Educação Física e Esporte da UEL nos horários de aula. Mais informações podem ser obtidas na página Natação para Todos UEL no Facebook.