Oficinas para alunos de escolas públicas são monitoradas por graduandos de engenharia elétrica
Oficinas para alunos de escolas públicas são monitoradas por graduandos de engenharia elétrica | Foto: Ricardo Chicarelli



A ideia de melhorar o dia a dia de deficientes visuais resultou na invenção de uma bengala e um boné com sensores de distância. Assim, quando a pessoa passar próximo a um obstáculo no solo ou acima da cabeça os acessórios irão vibrar. Outra vantagem é que será possível regular a distância para o sensor funcionar.

Esse é um dos trabalhos que serão apresentados na 3ª Robolon (Mostra Científica de Robótica e Automação de Londrina), na sexta-feira (1), na UEL (Universidade Estadual de Londrina). A abertura oficial será as 10h, no Cesa (Centro de Estudos Sociais Aplicados) e as atividades práticas serão no Cefe (Centro de Educação Física e Esporte), a partir das 14h.

Os alunos Gabriel Pietsiaki, do Colégio Estadual Dr. Gabriel Carneiro Martins; Julia Linai Piccirilli, do Colégio Dôminos; e Rafael de Souza Pereira, do Colégio Estadual Pe. Wistremundo Roberto Perez Garcia, de 14 anos, levarão os protótipos das criações para cegos – a bengala e o boné – para mostrar ao público.

Outra ideia que pode despertar a atenção dos visitantes é o piano revolucionário. O nome se dá pela sua dupla funcionalidade. "A pessoa poderá utilizá-lo como piano, mas também poderá alterar para o modo de jogo da memória, como se fosse um Genius", conta Arthur de Souza Molina, 15, estudante do Colégio Hugo Simas, se referindo ao brinquedo popular na década de 80.

Molina participa da oficina de Robótica, um projeto de extensão do curso de engenharia elétrica do CTU (Centro de Tecnologia e Urbanismo) da UEL, realizado no Colégio Vicente Rijo. Ele está finalizando os detalhes do projeto, sob a supervisão do monitor Nícolas Montanha. "No meu tempo de colégio, não tive contato com esse tipo de conteúdo, mas esses alunos estão tendo essa oportunidade", comenta ele, do 5º ano de engenharia elétrica.

A mostra vai reunir mais de 30 trabalhos, divididos em categorias de protótipos criados com a plataforma Aduino (sistema eletrônico projetado para aprendizagem em eletrônica) e Lego Mindstorms. Avaliadores externos irão selecionar os cinco melhores projetos. Os estudantes receberão medalhas e troféus e os premiados ganharão kits Arduino e bolsas de inglês.

A mostra tem o apoio da Fundação Araucária, Pró-reitoria de Extensão da UEL, Secretaria de Estado da Educação e Colégio Mãe de Deus. Conta ainda com o patrocínio da MSE Engenharia, Maxwell Bohr, Conseng Engenharia, Tectrol e Rexroth.


Oficinas dependem de financiamento

O projeto de extensão do curso de engenharia elétrica da UEL envolve alunos de escolas públicas em oficinas monitoradas por 25 graduandos. "Todos aprendem a trabalhar com computadores e eletrônica básica durante seis meses. Nosso objetivo é mostrar o quanto as áreas de exatas e tecnológica são gostosas de trabalhar. Muita gente tem medo por achar difícil, mas nossa ideia é justamente mostrar o contrário", diz a professora e coordenadora do Robolon, Silvia Galvão.

Apesar dos planos em cursar direito, a estudante Julia Piccirilii se inscreveu na oficina por acreditar ser possível melhorar a sociedade por meio da tecnologia. "Acho uma área difícil, mas eu quis agregar conhecimento porque também gosto de ciências exatas."

Galvão conta ser comum os alunos optarem por engenharia elétrica ou física após realizar as oficinas. Em relação à descoberta de talentos, ela cita que em 2016 cinco trabalhos foram apresentados na Mostra Nacional de Robótica, em Recife. "Tivemos trabalhos para auxiliar a comunicação de cegos, surdos e mudos, reproduzindo corretamente a fala na tela de um computador, até um protótipo que reproduzia os movimentos de pernas, que inclusive rendeu um convite ao aluno para apresentá-lo em uma feira internacional", destaca.

Segundo ela, o projeto começou há cerca 10 anos e em 2012 foi vinculado ao Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação. "As oficinas acontecem uma vez por semana e atualmente são três turmas, que somam 85 alunos." Ela destaca que a oferta das oficinas para 2018 vai depender do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que gira em torno de R$ 15 a R$ 20 mil. "Se não contarmos com o financiamento teremos que esperar o edital de 2019. Além disso, temos um gargalo, pois o CNPq não oferece financiamento para compra de patrimônios fixos, como computadores, que são essenciais para nós." (M.O.)