Agentes fazem a fiscalização em Ibiporã: sem prazo para implantação do sistema
Agentes fazem a fiscalização em Ibiporã: sem prazo para implantação do sistema | Foto: Marcos Zanutto



Ibiporã - Uma, duas, três. As voltas que o motorista de uma transportadora teve que dar no quarteirão no centro de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) foram incontáveis e duraram uma hora até que o local de carga e descarga, destinado para atividades deste tipo, fosse desocupado por carros de passeio.

"Toda a vez que preciso carregar ou descarregar é assim, precisa ficar dando voltas no quarteirão; e enquanto isso o gerente da loja tem que guardar a vaga colocando cadeiras, para que outras pessoas não estacionem no lugar", desabafou Amarildo Pegoraro.

Essa é a realidade de várias cidades de porte médio da região de Londrina, que mesmo com o aumento de carros circulando, não contam com o estacionamento rotativo. Funcionária de uma loja de utensílios, Ligia Rodrigues Carvalho conta que já presenciou por diversas vezes pessoas que moram em bairros distantes deixarem o carro no centro de Ibiporã para irem trabalhar em Londrina. "Tem gente que deixa o carro estacionado na rua, vai para Londrina trabalhar de ônibus e só volta para buscar no fim da tarde", indigna-se.

Para Fátima Kadri, proprietária de um comércio de confecções, a dificuldade de vagas para estacionar na rua tem levado a população a trocar os comerciantes locais por shoppings. "As pessoas reclamam que deixam de comprar em Ibiporã para ir em shoppings, já que neles tem a vaga garantida para deixar o carro", afirma. Também motorista, ela prefere ir a pé para o centro a ter que se locomover com o veículo que possui.

CAMBÉ
Possuindo uma frota de quase de 35 mil veículos, conforme dados do IBGE, Cambé não tem um cenário diferente. Sem o Zona Verde, serviço de estacionamento rotativo extinto aproximadamente há sete anos, a quantidade de "flanelinhas" aumentou de forma considerável.

Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial, está é uma demanda antiga dos comerciantes e motoristas. "Estamos com problemas sérios na questão de flanelinhas. Até mesmo pessoas disfarçadas, e com outras intenções, têm pressionado muito os proprietários de veículos, causando um temor grande nas pessoas", denuncia Pedro Mazei.

Com a Acic auxiliando o poder público, Mazei acredita que o sistema seja uma forma de ajudar no trânsito de Cambé, que já não comporta mais a número de carros. "A mobilidade urbana é um desafio das cidades e depende muito de outros quesitos que influem, como a educação no trânsito, consciência da população e plano diretor. Por isso, estamos trabalhando em cima de medidas paliativas e o estacionamento rotativo é o mais próximo disso", diz.

Estudos
Com o Departamento de Trânsito estruturado recentemente, Ibiporã contratou em 2016, através de concurso público, quatro agentes que iniciaram a fiscalização nas ruas da cidade. Com este primeiro passo finalizado, incluindo o aperfeiçoamento dos servidores, o poder público agora se prepara para a realização de um estudo, junto com a Secretaria de Planejamento, para a verificar da viabilidade de implantação do estacionamento rotativo.

O município conta atualmente com cerca de mil vagas. "Ibiporã é uma cidade que está crescendo e se desenvolvendo de forma muito acelerada. Hoje, existem cerca de 30 mil veículos trafegando na região central. A necessidade para a implantação do sistema de estacionamento rotativo é emergencial, sobretudo no sentido de democratizar os espaços nas vias públicas", reconhece o diretor do Departamento Municipal de Trânsito, Euller Alexandre Gualberto.

Sem estipular um prazo para a finalização deste estudo e implantação do sistema, Gualberto contou que a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) de Londrina vem sendo consultada para colaborar na ideia inicial. Ele também admite que a quantidade de agentes que hoje trabalham no trânsito é pequena visto a demanda que aumentará com o estacionamento. "Com o aumento da demanda, naturalmente precisaremos chamar mais agentes aprovados no último concurso".

Em Cambé, a prefeitura está em fase de municipalização do serviço de trânsito e uma das medidas que serão tomadas é o retorno do estacionamento rotativo. De acordo com o prefeito José do Carmo Garcia (PTB), a intenção é de que o sistema seja reinaugurado ainda este ano. "Estamos estruturando qual caminho seguir. Durante este ano, o compromisso do grupo que está estudado a implementação, e que reúne a sociedade civil, é que tenhamos a Zona Verde, ou qualquer outro nome que receber, ainda em 2017, quando a cidade completa 70 anos. Também estamos resgatando informações de como era antes para usar como base", garante.

A maneira que o serviço irá funcionar e o responsável pela gestão serão definidos após a realização de audiências públicas. O desejo é de que uma instituição possa cuidar e que contemple outros bairros com grande número de comércios. "Vamos fazer um chamamento público e abrir para ver se alguma entidade filantrópica se interessa a fazer a gestão", explica. Como a prefeitura recebeu alerta de gastos com pessoal do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), um concurso público para a contratação de agentes de trânsito não tem data para acontecer. "Caminhamos para a realização de um convênio com a Polícia Militar para a fiscalização."