Meninos e meninas da zona norte de Londrina que participam de aulas de judô têm apresentado resultados na escola e com a família
Meninos e meninas da zona norte de Londrina que participam de aulas de judô têm apresentado resultados na escola e com a família | Foto: Anderson Coelho



O judô prega respeito, disciplina, gratidão, solidariedade e bom comportamento, valores importantes para o esporte e para vida, e que exigem determinação de seus praticantes. Pensando na importância deles, e incentivá-los entre crianças, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) está desenvolvendo desde março o projeto "Judô Caminho Suave" na zona norte de Londrina.

Participam meninos e meninas, de 7 a 11 anos, que possuem TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção com Hiperatividade), obesidade, ou que se encontram em situação de desproteção social. O trabalho é interdisciplinar e envolve escolas, Cras (Centros de Referência de Assistência Social) e instituições de saúde. As aulas acontecem todas as tardes de quarta e sexta-feira, na Usina do Conhecimento, que fica no conjunto Parigot de Souza 1.

Responsável por conduzir o projeto na região, o educador físico Wellington Berbel explica que a iniciativa abrange os bairros Vivi Xavier, Parigot de Souza, Chefe Newton e Vista Bela, oferecendo para as crianças, através do esporte, uma maneira de melhorarem o rendimento em casa e na escola, além de benefícios para a saúde. "O esporte e o lazer são fundamentais. Trazemos o judô para eles e trabalhamos os princípios de respeito e crescimento mútuo, que são filosofias da luta para a vida".

Além das aulas de judô, as crianças que precisam ainda têm acompanhamento da equipe de profissionais do Nasf, que é vinculado ao programa Saúde da Família. Segundo Berbel, a diferença entre os alunos, desde que começaram, já pode ser notada. "Os primeiros impactos do projeto estamos observando agora e são positivos. Vemos que eles evoluíram nestes meses, tanto nos treinos, como com os pais", destacou.

MELHOR RENDIMENTO
Com o sobrinho participando do projeto, Chrisley Maria Machado aponta o quanto os valores adquiridos com a prática do esporte tem colaborado no comportamento de Wallace Machado. "As atitudes dele mudaram e isso está ajudando na nossa rotina. O que ele aprendeu tem colaborado no desempenho no colégio e com o corpo, já que isso está sendo um aliado para ele emagrecer", conta.

Uma das etapas do "Judô Caminho Suave" aconteceu na última sexta-feira (9), quando as 35 crianças ficaram sabendo se iriam, ou não, receber o quimono, vestimenta própria para o esporte. Os requisitos estabelecidos foram a obtenção de notas acima de sete no bimestre, bom comportamento e que estivessem com a vacinação em dia. "A ideia é dar continuidade, com mais ações valorizando cada vez mais a boas práticas e ajudando na evolução dessas crianças", projetou o educador físico.

Para Geni Fernandes de Melo, vice-diretora da escola municipal Professora Jovita Kaiser, os alunos atendidos pelo projeto estão conseguindo superar os problemas com atitudes concretas. "Vemos o desenvolvimento deles na disciplina e nas notas. São crianças que precisam praticar o esporte para extravasar. Este projeto deveria funcionar como contraturno nas escolas, pois ajuda muito", elenca.

Graças ao bom andamento do projeto, a ideia é estendê-lo para alunos na faixa etária entre 11 e 17 anos. "Só estamos esperando ter alguns horários vagos na Usina do Conhecimento para poder oferecer o judô, e seus benefícios, para mais pessoas", idealiza Berbel.

Quimonos em troca de boas notas
Um misto de ansiedade, alegria e encorajamento tomou conta das crianças que participam do projeto "Judô Caminho Suave" na última sexta-feira (9). Em uma cerimônia que contou com a presença de pais, diretores das escolas da região norte e professores de luta, os pequenos esportistas ganharam o quimono, como primeiro passo da iniciativa.

Em uma turma com 35 alunos, foram 20 os que receberam a roupa própria para praticar o esporte. Os outros, por não terem conseguido cumprir com as metas estabelecidas, terão que esperar até julho, quando será feita outra entrega. "Antes da cerimônia conversei com os pais e a criança para ver como estava o comportamento em casa e falar o porquê não receberia a roupa. Todos entenderam e agora vamos esperar as notas do 2º bimestre na escola para ver se eles melhoraram. Queremos que este evento sirva de estímulo aos demais", justifica o educador físico Wellington Berbel.

Entre os que não receberam o quimono, Mateus Pedroso, 10, afirmou que isso não fará com que desanime. "Agora preciso estudar mais para voltar aqui daqui uns meses e pegar a roupa", projetou. Um dos mais empolgados por ter recebido a vestimenta, Kauan Silva, 10, já está imaginando as próximas aulas de judô. "Gosto muito de fazer a luta e por isso minhas notas estão todas boas. Já aprendi vários golpes, a cair do jeito certo e a escapar de imobilização. Quero aprender cada vez mais."

A tosadora Roseli de Almeida de Oliveira se diz satisfeita pelo desenvolvimento da filha Laura Oliveira da Silva, 8, no colégio. "Ela possui deficit de atenção e vem apresentando uma grande melhora. Estou muito feliz pela minha filha", orgulha-se. "Aprendi muito mais que luta com as aulas de judô", resume Laura. (P.M.)