Dois milhões e meio de metros quadrados. Esta é a demanda aproximada de recapeamento de ruas estimada pela diretoria de pavimentação da Secretaria de Obras de Londrina. A diretoria não tem o número total das ruas, mas, tomando-se como base ruas de oito ou nove metros de largura (embora a cidade tenha algumas ruas de 6, 7 e 12m), esse número equivaleria a 294 quilômetros de extensão - o suficiente para ir de Londrina até Ponta Grossa.
Como um metro quadrado de recape custa entre R$ 17 e R$ 20, para realizar todo esse trabalho seriam necessários pelo menos R$ 42,5 milhões. ''Existe essa demanda, e o município não vem medindo esforços para captar os recursos necessários'', afirma o diretor de Pavimentação da Secretaria, Fernando Carvalho Farah. O diretor lembra que, em muitos casos, apenas o recape não é suficiente. ''Em ruas que estão muito degradadas, é necessário também abrir e reforçar a base'', explica.
Segundo Farah, o problema se espalha por todas as regiões da cidade. Na Área Central, por exemplo, a Rua Benjamin Constant precisaria de recape em quase toda a sua extensão, bem como alguns trechos das avenidas Harry Prochet e Duque de Caxias. Além disso, a vida útil de um asfalto é de 15 a 20 anos, dependendo do tráfego e de outras condições do local, o que faz com que a demanda de recape em Londrina, cidade conhecida pelo seu acelerado desenvolvimento urbano, seja constante.
Sem possibilidade nem previsão de recapear, o município recorre a paliativos como o famoso ''tapa-buracos''. Porém, em ruas cujo asfalto já é deficiente, muitas vezes o buraco volta em pouco tempo. É o que acontece na Rua Juvenal Borges de Macedo, no Jardim Tucanos (Zona Sul). ''Em frente à minha casa já está quase nascendo mato, de tanto buraco'', afirma o vendedor Marco André Pascolati. Além dos buracos, o estreitamento da Avenida Harry Prochet, em decorrência das obras no local (atualmente paradas), tem levado os moradores a dar a volta na quadra por outra rua para poder chegar a suas residências de carro. ''A rua não tem bueiro, então quando chove alaga tudo. Nas poucas vezes em que a prefeitura veio tapar os buracos, a primeira chuva levou tudo embora'' acrescenta Pascolati.
A poucas quadras dali, na Rua Sadao Nozaki, a rua vem-se esfarelando, o que tem trazido transtornos à representante comercial Eunice Carrara. ''Sempre que passa um veículo em frente à minha casa, as pedrinhas batem no portão. Teve uma madrugada em que o barulho foi tão alto que eu acordei e chamei o segurança. E tinha sido ele mesmo, que tinha passado havia poucos instantes em frente à casa'', relata, acrescentando que, nos seis anos em que mora lá, ela se lembra de ter visto taparem os buracos uma única vez. Sem perspectivas para quando a sua rua, pequena e de pouco movimento, vai ser recapeada (já que se costuma priorizar as vias com mais movimento), resta a ela lamentar. ''Nós tínhamos que ter uma ação mais efetiva, mas vemos que as coisas não se resolvem. O mal da gente é se conformar.''