Alunos percorreram a Rua Bauxita; somente neste ano CMTU já limpou a área duas vezes
Alunos percorreram a Rua Bauxita; somente neste ano CMTU já limpou a área duas vezes | Foto: Gustavo Carneiro



Londrina tem cerca de 300 pontos de descarte irregular de lixo de onde aproximadamente 5,4 mil toneladas de resíduos são retiradas todos os meses pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). Além dos danos ao meio ambiente e do risco de proliferação de doenças, sendo a dengue a principal delas, o despejo irregular de lixo tem um alto custo para o município, em torno de R$ 200 mil mensais. A falta de consciência de quem descarta seu lixo em terrenos baldios é bem maior do que a capacidade de fiscalização da CMTU e quem sofre as consequências é a vizinhança, que se vê obrigada a conviver com a sujeira e o mau cheiro.
Nesta terça-feira (20), cerca de 60 alunos do sexto ano do Colégio Estadual Ana Molina Garcia, na Vila Ricardo (zona leste), fizeram um protesto para chamar a atenção da comunidade para uma área pública na Rua Bauxita que tornou-se ponto de descarte irregular e recebe desde resíduos domésticos até aqueles provenientes de grandes geradores. Somente neste ano, a CMTU já fez duas limpezas na área. Na primeira, em janeiro, foram necessários 16 caminhões caçamba para recolher todo o lixo e entulho. Na segunda, em maio, foram retirados mais seis caminhões lotados de resíduos. Menos de cinco meses depois, o lixo já começa a se acumular novamente.
"Faz 35 anos que eu moro aqui e há 35 anos a gente tenta uma solução para esse problema do entulho, mas está difícil", reclamou a dona de casa Jucéia de Oliveira Rodrigues Adão. Segundo ela, o descarte não tem hora para acontecer. "Tem caminhão de supermercado que vem aqui e despeja frutas e verduras podres. Eles vêm de dia e de noite e deixam aqui todo tipo de lixo, mas a falta de iluminação facilita. "
A dona de casa Andréa Cristina Santana disse que moradores até tentam inibir o descarte dos resíduos, mas desistem por medo de represálias. "A gente chega a ver o pessoal jogando o lixo, alguns moradores até vão atrás, mas são ameaçados. Aqui tem todo tipo de lixo. Jogam pneus e até animais mortos", contou. "A gente se preocupa com a dengue, que é um problema. Já teve bastante gente com dengue aqui no bairro", disse a dona de casa Karina Sales.

INTERVENÇÃO
A ideia do protesto foi do professor de artes Marcos Costa, que alia o ensino das diversas linguagens artísticas à formação de cidadãos. "Estamos trabalhando com performances e decidimos fazer essa intervenção, já que os alunos moram no entorno dessa área que é usada pela população como depósito de lixo. E não afeta só a nossa escola. São quatro escolas aqui na região. Queremos formar pessoas conscientes", disse o professor. "Quem joga lixo onde não pode demonstra muita falta de educação e respeito", observou um aluno de 12 anos. "Moro no (Jardim) Santa Fé. Perto de casa tem um rio e a gente sempre vê o rio cheio de lixo", lamentou uma aluna de 13 anos.
A CMTU diz que tenta identificar os responsáveis pelo descarte irregular de lixo na Rua Bauxita e em outros pontos da cidade, mas admite que o trabalho não é fácil. A companhia conta com apenas três funcionários para fiscalizar a cidade toda. Em todo o ano passado, foram realizadas 56 autuações, somando cerca de R$ 23,5 mil.

PEV
O município mantém dois pontos de entrega voluntária (PEV), um no Jardim Vista Bela (zona norte) e outro no Jardim Califórnia (zona leste), próximo à Rua Bauxita. Nestes locais, os resíduos podem ser descartados sem custo, mas segundo o gerente de Limpeza Urbana da CMTU, Álvaro do Nascimento, muitas pessoas ainda preferem fazer o descarte irregular. "Tem o morador que joga o lixo em áreas públicas sem saber que é crime ambiental e tem os grandes geradores que fazem o descarte irregular para não ter de pagar as taxas cobradas pelas empresas que recebem e dão a destinação adequada aos resíduos", destacou Nascimento. No site da CMTU (www.cmtuld.com.br) também há uma lista dos locais aptos a receberem cada tipo de material reciclável.
Em meio ao lixo depositado no terreno da Rua Bauxita, há partes de manequins de loja e restos de tecido, provavelmente descartados por alguma confecção. Para obter o alvará, toda empresa é obrigada a entregar à Secretaria Municipal do Ambiente (Sema) o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos no qual consta o volume de resíduos gerados. Anualmente, para conseguir a renovação do alvará, a empresa deve apresentar certificados que comprovem a destinação correta do lixo produzido por ela. Mesmo assim, segundo o assessor da Sema Gerson Galdino, ainda há grandes geradores que recorrem ao descarte irregular para fugir dos custos. "Uma pequena parte acaba fazendo o errado."