Londrina
‘‘Não sabemos mais o que fazer. Precisamos acabar com essa guerra antes que aconteça uma desgraça.’’ O desabafo é da diretora do Colégio Estadual Vicente Rijo, Vera Akaishi, que decidiu na semana passada pedir ajuda à Polícia Militar para pôr fim às brigas entre grupos de alunos do Vicente Rijo com o do também Colégio Estadual Marcelino Champagnat.
Segundo a diretora, tudo começou há cerca de 15 dias, por causa do furto de um boné pertencente a um aluno do Vicente Rijo. Depois disso, surgiram as provocações, até que um grupo com cerca de 40 alunos do Marcelino Champagnat esteve no colégio. ‘‘Nós da direção, as mães dos alunos e a polícia, ficamos na porta da escola para não deixar o grupo entrar.’’
A ação conjunta serviu para desviar o local do confronto, transferido para o terminal de transporte coletivo. ‘‘Fizeram o maior tumulto no terminal’’, conta a diretora. Os alunos do colégio ‘‘rival’’ acabaram batendo em aluno que não tinha nada a ver com a história.
Vera Akaishi afirma que, por conta da rivalidade entre os grupos, até uma menina acabou sendo agredida. ‘‘Entre os adolescentes, basta um olhar para o outro que começa a briga’’, diz. O que mais preocupa a diretora é que a cada dia um número maior de alunos acaba se envolvendo na ‘‘guerra’’. O clima entre os estudantes é de medo. ‘‘Muitos têm medo de usar o uniforme e se trocam antes de sair daqui para não serem identificados.’’
A direção do colégio está disposta a colaborar com a polícia revelando os nomes dos responsáveis. ‘‘Ainda não temos como provar. Mas vamos fazer todo o possível para acabar com isso, antes que ocorra uma desgraça.’’
No esforço de evitar fatos mais graves, a direção do colégio tem feito revistas nos alunos e também percorrido as salas orientando os alunos sobre as consequências dessa ‘‘guerra’’. A diretora revela que dias atrás foram encontrados com os alunos pedaços de corrente e imitações de ‘‘tchacos’’, que são feitos com dois paus ligados a uma corrente. O objeto é usado em lutas marciais.
Alguns pais, preocupados com a segurança dos alunos, têm ido às imediações do colégio com máquinas filmadoras para tentar identificar os integrantes do grupo do Marcelino Champagnat. Os alunos, conta a diretora, se deslocam até o portão do Vicente Rijo no horário de saída da turma da tarde. Viaturas da PM estão sendo mantidas no local a pedido da escola.
Caso a briga entre os grupos persista, a direção do Vicente Rijo deverá solicitar à Transportes Coletivos Grande Londrina um ônibus exclusivo para os alunos que descem no terminal. Ela acredita que o transporte em massa dificultará a ação do grupo rival. ‘‘Se estiverem em número maior, pelo menos não vão apanhar no terminal’’, diz Vera.
O diretor do colégio Marcelino Champagnat, Fortunato Zani Neto, disse que essa situação entre alunos dos dois colégios está preocupando a escola e os pais. Ele disse que já passou por todas as salas orientando os estudantes e fazendo um apelo para que deixem a violência de lado. Os professores também têm batido na mesma tecla. ‘‘Estamos sempre lembrando que violência não leva a nada.’’
Segundo o diretor, estão envolvidos diretamente na briga alunos da 5ª e 6ª séries, com idade entre 12 e 13 anos. ‘‘É a primeira vez que enfrentamos esse tipo de situação. Já pedimos ajuda ao 5º Batalhão da PM’’, diz Fortunato.
Fortunato Neto informa que cerca de seis alunos já foram agredidos pelo grupo do Vicente Rijo. E que, a exemplo do que vem acontecendo no outro colégio, os alunos que não estão envolvidos com a briga também estão deixando a escola sem o uniforme, com medo de serem identificados.
O diretor do Marcelino Champagnat disse que, além do risco de serem envolvidos na briga entre os grupos, os demais alunos enfrentam outra situação de risco: são vítimas frequentes de roubos que ocorrem no trecho entre a escola e o terminal urbano. ‘‘Eles vão a pé até o terminal e são roubados no caminho. Nós já pedimos policiamento mas não fomos atendidos’’, reclama o diretor do Champagnat.