O Instituto Médico Legal (IML) está parcialmente parado em todo o Paraná, criando problemas para os inquéritos policiais e processos que tramitam na Justiça. Em Londrina, a situação começa a preocupar: além da greve parcial do IML, faltam funcionários na 10ª Subdivisão Policial.
‘‘Estamos somente assinando laudos de casos de estupros e de crimes hediondos’’, afirmou o chefe do IML de Londrina, médico legista Antonio Carlos Queiroz. Ele diz que a situação será pior se houver paralisação total. Existe inclusive a possibilidade de que o IML passe a não receber mais cadáveres.
Os legistas e peritos criminais do Paraná estão subordinados à Secretaria Estadual de Segurança Pública e querem seus salários equiparados aos de médicos e técnicos de outras secretarias. A defasagem salarial em relação a outros médicos e técnicos do Estado é de 150%.
A categoria espera o retorno do governador Jaime Lerner (PFL) no dia 10 para decidir sobre os rumos da greve. Lerner prometeu resolver o impasse assim que voltasse de viagem. ‘‘O governo do Estado já resolveu o problema salarial dos professores universitários e dos funcionários do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná). Só o nosso problema continua em compasso de espera’’, diz Queiroz.
O chefe do IML em Londrina diz que o secretário estadual da Fazenda, Giovani Gionédis, teve uma reunião com os legistas no dia 20 de dezembro, quando jogou ‘‘um balde de água fria’’ nas pretensões salariais da categoria. Na ocasião, o secretário teria enfaticamente alegado que o Estado não tem dinheiro para fazer a equiparação salarial. ‘‘Agora nos resta a compreensão do governador para não entrarmos em greve’’, diz o legista.
Os peritos criminais, ligados ao Instituto de Criminalística, estão desenvolvendo normalmente seus trabalhos.
Nos seis distritos policiais de Londrina faltam principalmente investigadores e escrivães. Atualmente, 57 investigadores estão desviados de suas funções para fazer a segurança dos 234 presos mantidos nos DPs. Apenas 15 policiais civis trabalham só com investigações. Segundo os padrões da Organização das Nações Unidas (ONU), é preciso haver no mínimo 1 policial para cada 1.000 habitantes.
Somente no 4º Distrito Policial (zona sul), tramitam cerca de 400 inquéritos, sob a responsabilidade de apenas dois escrivães. No 6º DP existem 120 inquéritos, um escrivão, um delegado e um investigador. ‘‘Só não estamos em situação de calamidade porque fazemos milagres’’, afirmou um delegado, que preferiu não se identificar.
O delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial, Wanderci Corral Fernandes, garantiu que todos os inquéritos policiais estão tramitando normalmente nas delegacias.