O golpe já pode ser considerado velho, mas continua causando pânico às vítimas escolhidas aleatoriamente por detentos, que embora atrás das grades conseguem ter acesso a telefones celulares e permanecem praticando crimes. A estratégia é quase sempre a mesma: ligam, a cobrar, para algum telefone fixo e dizem que sequestraram alguém. Do outro lado da linha, a vítima, em desespero, acaba dizendo algum nome de um parente ou amigo. É o suficiente para os bandidos começarem a fazer exigências, com alguém - geralmente fazendo uma voz feminina - gritando por socorro ao fundo.
Uma mostra de que essa prática criminosa ainda incomoda foi dada na manhã de ontem, no Centro de Londrina. O telefone de uma empresa financeira tocou, a cobrar. Do outro lado, um homem gritava que se tratava de um sequestro. Nervosa, a mulher que atendeu à ligação já disse o nome de uma funcionária que havia ido atender a um cliente em uma cidade da região.
Sem saber o que fazer, ela correu até uma empresa vizinha, uma imobiliária, e pediu socorro à corretora de imóveis Silvia Helena Chiararia, que também ficou nervosa e passou o telefone a um cliente, Marcos Luiz, que, sabedor do golpe, passou a conversar com o bandido.
''Ao fundo, uma mulher gritava por socorro. Ele começou pedindo R$ 50 mil para não matar a moça, mas no fim estava deixando por R$ 500 em cartões telefônicos de uma operadora de telefonia celular'', explica Marcos Luiz.
Em seguida ele disse ao suposto sequestrador que sabia se tratar de um golpe. O bandido desligou o telefone. Enquanto isso, Silvia Helena ligou ao 190, da Polícia Militar, pedindo socorro. Foi orientada de que se tratava de trote, mas ainda temendo pela vida da amiga foi à rua e localizou guardas municipais, que foram até a galeria onde fica a imobiliária, mas nada puderam fazer. ''Fui atrás de algum policial, pois não temos experiência, não sabemos o que fazer em uma situação dessa'', explicou.
''É um absurdo sabermos que telefones entram nas cadeias, na maioria das vezes pela conivência de agentes públicos mal remunerados. Muita gente ainda cai neste tipo de golpe'', lamentou Marcos Luiz.
Minutos depois, a moça que teria sido sequestrada foi localizada pelos amigos. Estava bem e, realmente, não havia sido vítima.


o que fazer
Se receber uma ligação:
Mantenha a calma
Não diga qualquer nome ao bandido, se ele realmente
sequestrou deve saber a identidade da vítima
Não revele dados pessoais, como número de conta
ou CPF
Peça um tempo para o ‘‘sequestrador’’ para arranjar o
dinheiro ou os cartões telefônicos. Enquanto isso, localize
o suposto sequestrado e avise a polícia
Em hipótese alguma deposite dinheiro em alguma conta
ou forneça códigos de cartões de recarga de celular
Fique atento para variações do golpe, com ligações que
pedem dinheiro ou códigos de cartões em troca de um
grande prêmio