Londrina - A dor na região do calcanhar, conhecida como fascite plantar, é uma patologia muito comum e democrática, uma vez que pode atingir pessoas de ambos os sexos, principalmentea partir da adolescência.. O tratamento exige muita disciplina e alongamentos constantes, mas como as dores vão e voltam, muitas pessoas ignoram o problema e nem vão ao médico, o que pode prolongar o sofrimento.
O vendedor autônomo Reginaldo Braga Araújo jogava futebol com os amigos, mas depois de uma partida começou a sentir uma dor aguda na planta dos pés, principalmente na região do calcanhar. Cada vez que sentia a dor, o sofrimento durava pelo menos dois dias. ''Eu não conseguia nem pisar no chão'', declarou Araújo. Ele revela que as dores eram mais intensas durante a manhã, quando acordava e ao longo do dia melhorava.
O vendedor acredita que o problema ocorria por causa de seu trabalho, que exige que ele trabalhe em pé das 6 horas às 19h30. Quando um pé doía, ele acabava jogando o peso do corpo para o outro lado do corpo. Hoje, depois de realizar muitos alongamentos, as dores diminuíram.
Segundo o ortopedista Marco Antônio Batista, especialista em pés e tornozelos, de cada 15 consultas que realiza por dia, quatro são relacionadas a esse problema. Ele explica que a inflamação geralmente é de longa duração e causa prejuízos funcionais aos pacientes, limitações para atividades diárias, como andar e correr, e causa até dificuldades para manter-se em pé. Pode ter um curso prolongado de vários meses e a principal característica é a piora das dores ao levantar da cama e ao pisar no solo pela manhã.
Batista explica ainda que esporão (ponta de osso) no calcanhar é um termo popular para descrever essa patologia, mas não é isso que causa a dor. ''Existe uma estrutura localizada na planta do pé que é uma membrana que se origina no calcanhar e vai até os dedos e é chamada cientificamente de fascia plantar. É a inflamação dessa estrutura que causa o quadro doloroso'', explica o ortopedista.
A causa principal dessa inflamação é o encurtamento da fascia. ''É uma consequência natural do envelhecimento, sendo mais comum em adultos e pessoas da terceira idade, embora haja casos de fascite plantar em adolescentes. O único público em que nunca vi com esse sintoma são as crianças'', destaca.
Batista argumenta que a patologia não possui relação com a obesidade ou com a prática esportiva, mas com o encurtamento muscular e a falta de alongamento. ''A falta de alongamento da musculatura da panturrilha e da parte posterior da coxa transmite uma tensão à fascia plantar e pode causar a inflamação'', detalha. O diagnóstico, diz o médico, é feito pelo histórico do paciente, exames físicos e de imagem, como a ultrassonografia e a ressonância magnética.
O tratamento principal consiste em alongar essa estrutura da fascia plantar e a musculatura posterior da perna e da coxa. ''Existem outras medidas que podem aliviar a dor, que são a ingestão de anti-inflamatórios e analgésicos, o uso de palmilhas especiais, infiltração e, no caso das mulheres, o uso de salto anabela'', informa. O médico revela que essa inflamação é um problema que se resolve na grande maioria das vezes sem cirurgia, mas que é preciso insistir no tratamento.
O ortopedista ressalta que as dores não são causadas por traumas e nem por impacto. ''As pessoas com fascite plantar podem continuar realizando qualquer tipo de atividade física, mas elas devem ser acompanhada por alongamentos bem realizados. O único incômodo durante esses exercícios será a dor.''
Com as sessões de fisioterapia e de alongamento, a tendência é que a dor desapareça, mas Batista ressalta a necessidade de tornar os alongamentos um hábito para que a dor não volte. Sobre o uso de anti-inflamatórios, o médico afirma que seu uso é paliativo, pois melhora os sintomas, mas não acaba com a causa do problema. ''Se parar de tomar o anti-inflamatório e não realizar o tratamento, a dor vai retornar'', frisa.