Curitiba - Em 2010, o tempo para conseguir a córnea no Paraná passava de um ano. Atualmente, os pacientes estão esperando, em média, uma semana para o transplante. Segundo levantamento da Secretaria do Estado de Saúde, na terça-feira (11), eram apenas 18 pessoas em todo o Paraná esperando por uma córnea, mas a expectativa é que esse número seja reduzido até o final da semana.

"A organização de todo Sistema Estadual de Transplantes tem proporcionado bons números ao Paraná. Em apenas seis anos, o Estado passou do 10º lugar em doadores efetivos no país para o segundo", afirma o secretário de Estado da Saúde, Michele Caputo Neto. O ranking nacional de doação de órgãos e tecidos para transplantes, avaliado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) leva em conta o número de doações efetivas proporcional à população do Estado.

O advogado Rogério Kormann Júnior foi diagnosticado com ceratocone e esperou mais de cinco anos para conseguir o transplante de córnea, que chegou apenas em 2011. "Antes do transplante eu tinha bastante dificuldade com a visão, não conseguia jogar futebol, ver filmes legendados, tinha dificuldades principalmente com a leitura e isso me prejudicava no trabalho", diz.

O advogado conta que hoje, após quase seis anos de cirurgia, ele só sente melhoras e faz questão de abordar o tema. "Falo abertamente sobre o assunto. As pessoas têm que se conscientizar sobre isso, sobre os benefícios que a doação de órgãos traz à sociedade e sobre quanto o gesto pode mudar uma vida."

Em 2014, o cenário já era diferente. A estudante Fabiana Camargo Leichtweis, 22, também tinha ceratocone e precisava de um transplante, mas esperou um mês pela córnea. "Minha visão antes do transplante era borrada, eu não enxergava as pessoas na rua e passava direto por elas, não conseguia ler letreiros, era tudo bem complicado", relembra. "Eu não sabia se conseguiria terminar meus estudos, se poderia tirar carteira de motorista, mas hoje é só felicidade. Agora sei do quanto esse gesto de amor no momento de dor de uma família pode mudar a vida de uma pessoa."


SERVIÇOS

O Paraná conta hoje com 25 estabelecimentos credenciados para a realização desse tipo de transplante, em nove municípios do Estado: Apucarana, Cambé, Campina Grande do Sul, Cascavel, Cianorte, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Maringá e Pato Branco.

Ao contrário dos órgãos, que exigem circulação sanguínea para irrigá-los, as córneas podem ser aproveitadas mesmo depois que o coração para. Por serem tecidos, é possível retirá-las até seis horas depois da parada do coração e mantê-las fora do corpo por até sete dias.