Maria Machado Vidal e a família ainda mantêm no quintal de casa os apetrechos de Negão, cachorro da raça weimaraner que morreu há duas semanas. O animal de estimação foi envenenado. Segundo a empresária, o cachorro começou a passar mal ao retornar de um passeio pelas ruas do Jardim Shangri-Lá (zona oeste de Londrina). "Meu filho saiu para dar uma volta com ele naquela noite de véspera de feriado (6 de junho). Eles ficaram na praça alguns minutos e quando voltaram para casa o Negão começou a passar mal, vomitando bastante e tonto. Até que ele teve a primeira convulsão, ficamos desesperados", conta.
O weimaraner foi encaminhado para uma clínica veterinária, onde passou por uma microcirurgia, mas morreu oito dias depois. "Ele apresentava um quadro de envenenamento provocado por raticida", explicou o veterinário João Manoel da Silva.
O animal era muito querido por todos. "Adotamos ele em 2006, quando estava abandonado na rua e com a saúde bem fragilizada. O Negão era como um filho na nossa família e foi muita maldade", lamenta Maria.
Este não foi o único caso de envenenamento de animais domésticos na região. "Recebemos vários relatos que envolvem cachorros e gatos", comenta a presidente da Associação dos Moradores do Jardim Shangri-lá, Gabriela Fontoura.
No final da última semana, um cachorro morreu envenenado no Jardim Higienópolis (área central). Pela internet, o proprietário ofereceu recompensa de R$ 3 mil para quem ajudar a identificar o criminoso.
O envenenamento de animais de estimação por raticida é crime previsto no Código Penal. O agrotóxico é comercializado na maioria das casas veterinárias e custa, em média, R$ 5 o sachê.
No Hospital Veterinário (HV) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), atendimentos a vítimas de envenenamento são comuns. "Atendo pelo menos um a cada plantão", comentou Patrícia Mendes Pereira, professora do Departamento de Clínica Veterinária do HV. Segundo ela, casos acidentais também não são raros. "Muitas vezes ocorre dentro de casa. O dono espalha raticida acreditando que o animal não consegue alcançar aquela área. Aconselho o seguinte: se tem criança ou bicho de estimação, não use raticida", enfatiza.
O Departamento de Toxicologia do Hospital das Clínicas (HC) de Londrina comprovou laboratorialmente 19 mortes de animais provocadas por envenenamento nos últimos cinco meses na cidade - 11 delas pelo composto químico carbamato aldicarb, conhecido como chumbinho. A comercialização deste agrotóxico foi proibida ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo seu alto grau de toxicidade. No entanto, o produto entra ilegalmente no País pelo Paraguai.