A coordenadora da oficina de teatro da Adevilon, Onildes Sanches Fuganti, conta que a ideia de desenvolver o trabalho para as pessoas com deficiência visual surgiu quando assistia uma peça de teatro com o marido e ouviu um comentário de uma pessoa da plateia, dizendo que fazer teatro para deficientes visuais não era nada fácil.
''E eu concordei, porque produzir teatro para eles tem toda uma linguagem diferenciada'', afirma Onildes. Segundo a coordenadora, a apresentação deve possibilitar que, mesmo com os olhos fechados, o público consiga acompanhar o texto. ''Não adianta ter só o cenário e a caracterização, porque as peças produzidas também são direcionadas para o público deficiente visual'', complementa.
Segundo a professora, a principal motivação para o trabalho é a possibilidade de mexer com a sensibilidade e a criatividade das pessoas com a deficiência. ''Os textos são tão interessantes e a criatividade deles é tão grande que, muitas vezes, eles descobrem coisas no texto que nem mesma eu tinha percebido e acabam enriquecendo cada personagem a partir do que são capazes de criar'', argumenta Onildes.
A professora esclarece que seu objetivo é possibilitar que os atores desenvolvam um espírito crítico. ''E o texto está cheio de argumentos que alguns concordam e outros não; e é aí que debatemos'', diz.
Onildes afirma que a oficina de teatro é um valiosa ferramenta para mostrar à sociedade que as pessoas com deficiência visual são capazes de produzir adaptações de obras litarárias com tanta qualidade quanto qualquer outro grupo de teatro. ''Isso, porque nós só trabalhamos com autores muito bons da literatura brasileira, como Machado de Assis, Adélia Prado, Fernando Sabino, Guimarães Rosa e Clarice Lispector.'' (F.C.)