Ney de SouzaNocivoO inseticida utilizado pelo ‘fumacê’ não prejudica o ser humano, segundo a Fundação Nacional de SaúdeMoradores de bairros e pessoas que trabalham de madrugada nas ruas centrais de Maringá têm reclamado de sintomas provocados pelo inseticida utilizado pela Fundação Nacional de Saúde (FNS) no combate ao mosquito Aedes aegypti. Mesmo proibido pelo Ministério da Saúde, o ‘‘fumac꒒, como é conhecido o veículo que faz a pulverização em vias públicas, está funcionando em Maringá desde o mês passado devido ao alto índice de infestação do mosquito.
A vendedora Maria Eudóxia Barros, que mora no bairro Aeroporto, reclama que o fumacê está pulverizando as ruas em horário impróprio, entre as 18 e 20 horas, quando muitas pessoas estão fazendo caminhada. ‘‘Com o horário de verão eles deveriam fazer esta aplicação de madrugada, quando não tem ninguém nas ruas’’, sugere. O ambulante João Tenório, que trabalha em um carrinho de cachorro-quente na Avenida Brasil, área central, garante que passou mal no último final de semana por causa do inseticida.
Ele conta que por volta das 5 horas de sábado o fumacê passou sem respeitar as pessoas que estavam na rua. ‘‘Fiquei o dia inteiro com náuseas e dor de cabeça e tenho certeza que foi com o veneno’’. O entregador Oscar Santos Silva, que também trabalhava na avenida onde o fumacê passou, disse que depois do trabalho, no início da manhã de sábado, sentiu fortes dores de cabeça, olho irritado e visão turva. ‘‘Não tenho nenhuma alergia ou doença respiratória. Passo todos os dias pelo mesmo local e só senti os sintomas depois de atravessar as nuvens do inseticida’’, contou.
O chefe do subdistrito da FNS em Maringá, João Donizete Medina, explica que o fumacê está sendo utilizado na cidade devido o grau de infestação do mosquito transmissor da dengue. Ele calcula que 10% dos locais vistoriados apresentaram a presença do Aedes aegypti, o que é considerado uma infestação elevada. ‘‘Temos que combater o mosquito para evitar uma nova epidemia em Maringá, como aconteceu há dois anos’’.
Segundo Medina, o inseticida utilizado no fumacê não traz risco para o ser humano, a não ser para pessoas com algum grau de alergia ou com bronquite. ‘‘Mesmo assim estamos realizando o trabalho de pulverização de madrugada, e desligando o aparelho nos locais onde existe concentração de gente’’, garante. Ele diz ainda que até o inseticida utilizado nas aplicações foi substituído, evitando o cheiro forte do produto aplicado anteriormente.
O médico Sandro Scolari, diretor da Secretaria de Saúde de Maringá, disse ontem que os postos não têm registrado casos de intoxicações por inseticida. O mesmo ocorre com o Centro de Controle de Intoxicações mantido pelo Hospital Universitário. Scolari explica que o produto usado pela FNS é de ultrabaixo volume, dificilmente atingindo as pessoas. ‘‘Caso contrário afetaria a saúde dos agentes que trabalham na pulverização’’, lembra ele. Scolari diz que os moradores devem se conscientizar da necessidade do combate ao mosquito, auxiliando a fundação mantendo os quintais limpos.