A Secretaria Municipal de Educação iniciou nesta quarta-feira (26) uma sondagem entre os professores da educação infantil e educação básica da rede de Londrina. O objetivo é verificar a viabilidade de extensão da jornada de trabalho de 20 para 30 horas semanais e da carga horária dos alunos de quatro para cinco horas diárias, saltando de 20 para 25 horas na semana. Segundo a secretária de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, a mudança representaria um salto de qualidade no ensino municipal e a valorização dos professores. As alterações seriam implementadas a partir de 2019.

Da forma como a rede é estruturada hoje, as escolas trabalham com um calendário letivo de 200 dias anuais, totalizando 800 horas anuais, que é o mínimo previsto pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Com as mudanças, a educação municipal poderia se aproximar da meta da educação integral, que são mil horas anuais com um mínimo de sete horas diárias.

Para esclarecer sobre a pesquisa que começa a ser feita entre os professores e as mudanças propostas, a secretária gravou dois vídeos que estão disponíveis no YouTube, um mais longo, de quase 11 minutos, direcionado aos professores da educação básica, e outro de menos de três minutos, para os professores da educação infantil. Nas duas publicações, ela reforça que a pesquisa não significa uma tomada de decisão e que a iniciativa foi adotada apenas para ouvir os professores da rede.

Hoje, os professores cumpre uma jornada de 20 horas semanais, sendo que um terço dessa carga horária é reservado à hora-atividade. Com a ampliação da jornada em dez horas, explicou a secretária, os professores passariam quatro horas com o aluno e cumpririam uma hora-atividade diariamente. Além disso, uma vez por semana eles teriam de participar de uma atividade extra de formação em serviços de duas horas remuneradas e as três horas restantes seriam cumpridas em casa, com o planejamento de atividades.

Para o professor da educação infantil, que já cumpre as 30 horas semanais, com um terço da jornada destinado ao planejamento, a mudança determinará que três horas semanais sejam reservadas à hora-atividade em local de livre escolha e não mais obrigatoriamente na escola, como é atualmente.

"Hoje, a gente precisa de três professores com 20 horas semanais cada um para completar 60 horas de trabalho. Com a otimização, a gente vai ter dois professores com 30 horas, totalizando 60 horas. A cada dois professores que optarem pela alteração de carga horária, a gente vai ter mais um professor. Com isso, a gente consegue atender as 25 horas semanais e fazer uma redução de hora extra", explicou a secretária de Educação.

A pesquisa começou a ser feita nesta quarta-feira (26) e ficará disponível no site da secretaria por dez dias úteis. Serão ouvidos os 3.326 professores ativos no ensino fundamental da rede municipal e destes, 3.036 atuam em sala de aula. A expectativa é de que no final de agosto o município tenha um direcionamento de quais mudanças poderão ser feitas na rede educacional a partir de 2019 e que os dados possam ser apresentados ao prefeito, à Câmara de Vereadores e ao Conselho Municipal de Educação.

RECEPTIVIDADE
Os professores da rede foram comunicados sobre a proposta de mudança nesta semana e, segundo Lucelene Pize, diretora da Escola Municipal Hikoma Udihara, na Vila Isabel (zona norte), 50% deles se mostraram receptivos à mudança. "Metade deles está empolgada e metade está receosa porque ainda há muitas dúvidas em relação aos horários e impacto financeiro, mas a mudança é algo inevitável para atender à LDB e ao Plano Nacional de Educação. Pode ser que demore, mas uma hora chega. Eu, particularmente, gostei e sou favorável à proposta", disse.

"Aprovo as mudanças porque a criança estará na escola aprendendo, além das matérias obrigatórias, disciplinas extracurriculares. A criança aprender nunca é demais. Prefiro mil vezes meu filho na escola a ficar ocioso em casa", analisou a vice-presidente da Associação de Pais e Mestres da Escola Hikoma Udihara, Viviane Soares dos Santos Sardi.