Imagem ilustrativa da imagem EDUCAÇÃO - Leitura pela cidadania
| Foto: Fotos: Saulo Ohara
No espaço improvisado, meninos e meninas podem ler e também ter aulas de reforço escolar
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Os livros ainda estão acomodados de forma improvisada; faltam estantes



O Residencial Vista Bela foi implantado em Londrina há cinco anos sem a infraestrutura e aparelhos necessários para atender os mais de 12 mil habitantes do bairro localizado na zona norte. Algumas melhorias foram proporcionadas pelo poder público, mas são as iniciativas dos próprios moradores que garantem uma vida melhor.
Uma dessas pessoas é a revendedora de produtos de limpeza Joseleide Aparecida de Oliveira Batistela, de 35 anos. Com a ajuda de colaboradores e voluntários, ela montou há um mês uma biblioteca solidária. Seu objetivo é mudar a imagem do Vista Bela, estigmatizado pela violência, e fazer algo pelas crianças que passavam o dia nas ruas.
"Aos 14 anos assisti uma reportagem de uma pessoa que montou uma biblioteca solidária na Rocinha (favela no RJ) e sempre achei que seria preciso muito dinheiro para fazer isso. Comecei a montar a biblioteca com livros próprios e depois de divulgar, chegaram as doações", relata Joseleide. Mas sua iniciativa exigiu a coragem dos empreendedores. Ela alugou um imóvel de 65 m² por conta própria e começou a coletar as doações.
Os livros ainda estão acomodados de forma improvisada. Não há estantes suficientes e a solução foi colocar alguns deles em caixas de madeira pintadas. Atualmente, o acervo é composto de quatro mil títulos, de variados gêneros, desde clássicos da literatura universal, paradidáticos e enciclopédias.
"Ultimamente não precisamos tanto de livros, mas de material de construção para fazer a adequação do imóvel", pede Joseleide. "Se as pessoas puderam doar ferro, cimento, pedra e areia ajudaria muito", acrescentou. O marido de Joseleide, Flávio, explicou que a intenção é estender a cobertura para a área da frente, onde as crianças costumam realizar a leitura.
A biblioteca solidária não fica restrita à oferta de livros. Sandra Cazarin Moreira e Patrícia Souza da Siva Mezger Ramos, pedagogas voluntárias, realizam atividades de reforço escolar para as crianças. As atividades são programadas de acordo com as necessidades de cada uma. "Por exemplo, se a criança tem dificuldades para entender o conceito de par ou ímpar, a gente passa atividades focadas nisso", explicou Patrícia.
Desde que a biblioteca solidária foi aberta, as crianças têm frequentado nas horas livres. "Sei que meus filhos são crianças boas; se eles receberem uma boa educação, se tornarão pessoas ótimas", afirmou o mototaxista Claudinei dos Santos, que estava com a filha Giovana Vitória, de 9 anos. "Eu achei a biblioteca bem legal. Eu não lia muito, mas agora estou gostando bastante. Aprendi bastante coisa e gostei de todos os livros que li", disse empolgada a garota.
Teresinha Moreira e mãe de quatro filhos (de 4, 5, 10 e 13 anos), que frequentam a biblioteca. "Eles ficam aqui de manhã e à tarde vão para a escola. Antes, acordavam e já queriam ir para a rua, mas não havia segurança."
O músico e educador social Leandro Leandro Palmerah é outro voluntário do projeto. Estudante de Biblioteconomia na Universidade Estadual de Londrina (UEL), ele pretende chamar os colegas da instituição para catalogar os livros e deixar o espaço mais organizado. "Quando você quer fazer pesquisa tem que ir para o Centro ou para a universidade. Agora vamos melhorar cada dia mais este lugar para que as crianças tenham acesso à leitura, documentários e à cultura."

SERVIÇO
Quem quiser contribuir com a Biblioteca do Residencial Vista Bela pode entrar em contato com Joseleide Batistela pelo fone (43)9650-1101