Londrina - Aos seis meses de gestação, a dona de casa Marta Volpato Marinho Ferreira levou um susto ao saber que Arthur nasceria bem antes do tempo. Foram quase dois meses internado na UTI Neonatal do Hospital Universitário (HU) de Londrina. Com o parto antecipado e o estresse, Marta não conseguiu produzir leite imediatamente e foi graças aos "anjinhos" do Banco de Leite Materno, como carinhosamente ela chama as funcionárias, que seu bebê recebeu desde o primeiro dia o alimento mais importante para as crianças.
"O Banco de Leite foi fundamental e hoje, aos três meses, o Arthur é muito saudável. Enquanto esteve na UTI foi bem complicado, ele teve pneumonia e até precisou de transfusão de sangue, mas agora está tudo bem. E para isso o Banco foi fundamental", diz Marta.
Dezembro e janeiro são conhecidos como meses de férias e descanso. É hora de colocar a casa em ordem para receber amigos e familiares nas festas de final de ano, cuidar dos últimos detalhes no trabalho antes de viajar, sair da cidade e renovar as energia para o ano que se inicia.
Com isso, muitas mulheres temporariamente deixam de doar e o estoque do Banco de Leite diminui. O mesmo acontece com o Hemocentro do Hospital Universitário. Por isso é importante que novos doadores compareçam e ajudem a manter os estoques.
Márcia Maria Benevenuto de Oliveira, coordenadora do Banco de Leite Humano, explica que dezembro e janeiro são os piores meses, por conta das festas de final de ano. "Em outubro recebemos quase 290 litros, em novembro foram 235 litros e em dezembro caiu para 203 litros. Mesmo sendo férias os bebês continuam precisando de leite", destaca.
Além dos bebês internados no HU, também são atendidos os das UTIs neonatais dos hospitais Infantil e Evangélico. "No Evangélico eles coletam e encaminham para nós pasteurizarmos. Depois devolvemos para lá, mas se necessário mandamos do nosso estoque. Temos também um ponto de captação em Cambé (Região Metropolitana de Londrina - RML) e na Maternidade Municipal. Em Rolândia (RML) e Cornélio Procópio (Norte Pioneiro) eles coletam e encaminham para pasteurização e depois o leite é devolvido", explica a coordenadora.
Márcia conta que o ideal é que houvesse doação suficiente para gerar 400 litros aproveitados no mês, já que infelizmente cerca de 20% da doação se perdem depois dos testes. "Um fio de cabelo, um pelo, uma formiga já inutiliza o material. E tem também as análises químicas e fisiológicas", diz.
O leite cru dura até 15 dias congelado e 12 horas se apenas refrigerado. Já depois de pasteurizado, o prazo se estende para seis meses congelado, mas é difícil achar material com todo esse tempo no Banco de Leite. "Em geral, com 15 dias já é utilizado. Temos estoque, mas sai rápido", afirma Márcia.
Cada bebê tem um consumo diferente, que pode ser de 1 ml a cada duas horas até 60 ml a cada três horas. Ela destaca que as mães de bebês prematuros têm dificuldades de amamentar porque não há o estímulo do filho sugando, razão pela qual se recomenda a massagem para estimular a produção de prolactina, hormônio que estimula a produção de leite.
"A mãe está instável com o risco que o bebê corre e isso atrapalha a produção de leite. Bebês que recebem leite não humano têm mais chances de alergia e de complicações", atesta Márcia.
Marta conta que foi orientada a fazer a massagem e quando conseguia tirar alguma coisa era uma pequena vitória. "Mas é difícil, quando o bebê está bem você tem leite, senão não sai uma gota", lamenta.
Hoje Arthur é alimentado com o leite materno e também com complemento, já que por enquanto Marta ainda não consegue produzir todo o leite necessário. "Eu espero um pouquinho depois de amamentá-lo. Se ele reclamar, dou a mamadeira, mas muitas vezes ele se satisfaz só com o meu leite", comemora.

Gratificante
A doação de leite é também um benefício para a mulher que contribui, já que o excesso de leite pode causar empedramento do seio e inflamações. "Jogar leite materno fora é a mesma coisa que jogar comida", diz a fisioterapeuta Adriana Yuki Izumi Márcio, mãe de Caio, de 7 meses e doadora desde o nascimento do garoto.
Segundo ela, amamentar o próprio filho é um presente e ajudar outros bebês é muito gratificante. "Trabalhei na UTI neonatal e vi como é difícil não ter leite, ao mesmo tempo que os bebês prematuros precisam ganhar peso. É um desperdício ter e jogar fora", afirma, acrescentando que suas irmãs também foram doadoras e que ela mesma procura informar todas as mães sobre a importância de doar.
"Não é trabalhoso e o pessoal do Banco de Leite passa uma vez por semana para recolher o leite na sua casa. Ao mesmo tempo, se temos alguma dúvida sempre podemos ligar lá e somos orientadas, é um benefício para todos", garante.

Serviço:
Para mais informações sobre como ser uma doadora no Banco de Leite Humano, fone (43) 3371-2390.

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