A juíza da 1ª Vara Criminal de Londrina, Elisabeth Kather, deve decidir em breve se acata ou não os questionamentos feitos pela defesa de Marcos Gelinski, acusado de atropelar o jovem João Pedro Rodrigues da Silva, 18 anos, no dia 22 de janeiro deste ano na Avenida Leste Oeste, próximo ao semáforo que dá acesso ao Jardim do Sol, na zona oeste. Segundo a Polícia Civil, a vítima foi atingida enquanto andava de bicicleta, mas o condutor fugiu após o acidente.

Socorrido pelo Siate, João chegou a ser encaminhado à Santa Casa de Londrina, ficou dez dias internado e não resistiu ao grave traumatismo craniano. O Instituto Médico Legal (IML) identificou que o ciclista morreu contraiu uma infecção generalizada após a lesão encefálica, o que provocou falência dos órgãos.

No recurso apresentado à Justiça, a advogada Kauane Guerra Mazzia pede a anulação da decisão que recebeu a denúncia do Ministério Público ou a rejeição da acusação, com o reconhecimento da nulidade desde o início do processo. "Dentro da lei, há o direito fundamental da intimidade do domicílio, que não foi respeitado quando o réu terminou preso. As provas colhidas estão contaminadas de ilegalidade porque não tiveram autorização judicial", ponderou a defensora de Gelinski.

O acidente que vitimou João Pedro aconteceu às 6h30 do dia 22, um domingo. Segundo a PM, o motorista foi preso em sua residência pouco depois da meia-noite de segunda-feira. No boletim de ocorrência, os policiais disseram que foram liberados pelo próprio Gelinski para entrar no domicílio. Esta foi a base da contestação do promotor Thadeu Augimeri de Goes Lima para rebater o recurso da defesa do condutor. Para ele, "o flagrante foi configurado porque a prisão foi efeutada não mais de 24 horas após o ocorrido".

Em depoimento ao delegado Ernandes Cezar Alves, de plantão na época dos fatos, Marcos Gelinski confessou que ingeriu dois litros de "pinga" no dia anterior à colisão fatal. O Vectra conduzido por ele teria sido adquirido em dezembro de 2016. Questionado sobre o motivo do acidente, o réu alegou que "bateu em algo que não soube identificar o que era". Ele também confirmou que só viu o amassado no carro quando chegou em casa. Horas depois, quando uma viatura da Polícia Militar o abordou, Gelinski informou que "teria colidido contra uma árvore".

Em liberdade

Passados três dias, Marcos ganhou liberdade provisória, mas atualmente é monitorado por tornozeleira eletrônica. À juíza Elisabeth Kather, ele mudou a versão apresentada na delegacia. "Quando aconteceu isso aí (acidente envolvendo João Pedro), eu vi umas pessoas em cima do meio-fio vindo pro meu lado. Tinha mais ou menos umas seis pessoas. Foi aí que eu saí", disse. Na mesma audiência, ele confessou que não tinha carteira de habilitação. "Eu ia tirar", argumentou.

Desde janeiro, a Justiça aplicou algumas medidas cautelares á Gelinski, como a proibição de condução de automóveis, frequência a bares e semelhantes, consumo de bebidas alcóolicas e obrigação de permanecer em casa das 18h30 às 7h.