Imagem ilustrativa da imagem CULTURA E EDUCAÇÃO - Poucos espaços para leitura
| Foto: Fotos: Marcos Zanutto
O principal espaço público é a biblioteca municipal do centro


A rede pública de bibliotecas de Londrina é considerada deficitária por bibliotecários, educadores e representantes da cultura. Hoje, a cidade conta com quatro espaços públicos, além das bibliotecas Infantil e do Museu de Artes, que têm um acervo específico. Há algumas iniciativas comunitárias, ligadas a projetos sociais e voltadas ao público desses projetos. Pelo tamanho da cidade e os padrões internacionais, Londrina deveria ter no mínimo 10 espaços públicos.

Para o professor do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Rovilson José da Silva, a rede pública estagnou. "A rede é deficitária. Os investimentos não têm acontecido. Essa realidade não é diferente do restante do país, mas é problemático pensar que uma cidade deste tamanho tenha apenas uma grande biblioteca no Centro", comentou. Ele defende que Londrina tenha no mínimo quatro grandes espaços públicos. "Para quem mora no bairro é difícil se locomover até ao Centro. Crianças e adolescentes não podem ir sozinhas. Assim estamos cerceando o acesso do jovem", afirmou.

A preocupação do professor é que a situação das bibliotecas não entra nas pautas de políticas públicas dos governos. "Não consta nos programas de cultura. E estão precarizando o atendimento com um número insignificante de funcionários e restrição do horário de funcionamento. Isso tem uma repercussão na população jovem e adulta da cidade, que vai aparecer daqui uma década", disse.
Silva enfatizou que a leitura é um dos mecanismos da civilização, não importa em qual plataforma que ela esteja e a falta de espaços de incentivo à leitura vai se refletir no enfraquecimento e compreensão dos aspectos culturais da sociedade. "Uma biblioteca, principalmente na periferia, seria mais uma opção de cultura aos jovens. A biblioteca tem que compor um conjunto de possibilidades culturais", reforçou.

A professora Sueli Bortolin, do departamento de Ciência da Informação do Centro de Educação, Comunicação e Artes da UEL, e ex-bibliotecária do Sesc, considera a leitura como uma questão de sobrevivência física e emocional. Segundo ela, a falta de bibliotecas nos bairros limita a vida e o acesso à cultura. "Não há estruturas, e o pouco que existe está precarizado. No Chile, por exemplo, os bibliotecários fazem um trabalho nas igrejas", observou.

Para a professora, mais espaços de leitura nos bairros impactaria diretamente na população idosa. "O idoso que está no bairro tem uma participação comunitária grande na ginástica e outras atividades. Mas não tem para a leitura. Ali temos um grupo grande de população sem atividade profissional que poderia ser beneficiada."

APATIA DA COMUNIDADE
Hoje estão em funcionamento na cidade as bibliotecas Pública Municipal ( centro), do Centro Cultural Lupércio Luppi (zona norte), Ramal Vila Nova (Centro), do Centro de Esporte Unificado do Jardim Santa Rita (Oeste). Está em construção uma unidade no Jardim Ouro Branco (Sul).

A região Leste é a única que não é beneficiada com nenhum espaço pública. Existem algumas iniciativas privadas, mas voltadas para o público específico de projetos sociais e culturais. Nada que abranja a comunidade em geral.
O assunto foi discutido durante a Conferência Municipal de Cultura. "Solicitamos na conferência que houvesse mais bibliotecas nos bairros", comentou Jaime Santos, representante da zona Leste no Conselho Municipal de Cultura. Mas a questão ainda não avançou.

Segundo ele, existe uma apatia da comunidade em reivindicar mais espaços culturais na região Leste. "É complicado reunir as pessoas para saber as demandas da comunidade. Mas é preciso ter mais bibliotecas nas periferias", afirmou.

Em outra frente, um grupo de bibliotecárias está elaborando um documento para entregar à administração municipal frisando a importância de descentralizar os espaços de leituras e de ter recursos para atualizar o acervo.

SERVIÇO - Biblioteca Pública Municipal Pedro Viriato Parigot de Souza (Av. Rio de Janeiro, 413, Centro ); Centro Cultural Lupércio Luppi (Avenida Saul Elkind, 790, Conjunto Maria Cecília); Biblioteca do CEU do Jardim Santa Rita (Rua Ângelo Gaiotto, s/n); Biblioteca Ramal Vila Nova (R. Purus, 45); Biblioteca Infantil ( Praça Primeiro de Maio - anexa à Secretaria Municipal de Cultura); Biblioteca do Museu de Artes (Rua Sergipe, 640)