A pesquisadora em Tecnologia da Educação, Gláucia da Silva Brito, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que as faculdades não estão preparando os futuros professores para lidar com os nativos digitais. "Paulo Freire já dizia que ‘o professor tem que ser professor dos seu tempo’. E em que tempo estamos? No da tecnologia. Os cursos precisam mudar seus currículos", diz Gláucia.
De acordo com ela, para criar uma cultura digital de uso é preciso começar pelas universidades. Gláucia estuda as novas tecnologias na educação desde a década de 1990 e conta que até 2003 existia uma resistência dos professores em adotar a tecnologia em sala de aula, mas de lá para cá, eles querem, mas exige apoio das escolas no sentido de fornecer ferramentas e capacitação.
"Hoje mudou o jeito de aprender, pois existe muito acesso a informação. Não precisamos mais guardar tanta informação, pois ela está acessível. Hoje é possível guardar um livro no celular. Não preciso mais carregar minha memória. O modo de aprender mudou e a escola vai ter que mudar também", enfatiza.
Desde 2011, o Colégio Bandeirantes de São Paulo percebeu essa necessidade e incorporou o tablet como material didático obrigatório nas turmas de 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. "O professor precisou mudar a sua estratégia de dar aula."
O colégio entende o uso de celulares e tablets em sala de aula como forma de melhoria no processo de aprendizado. "O celular já é uma extensão do aluno, presente no seu dia a dia, e vem ajudar em sala de aula. Fotografar a lousa é positivo, principalmente em aulas como a de geometria, em que o professor desenha muitas figuras e nem sempre o aluno tem a mesma destreza que o professor", explica Silvia Vampré Ferreira Marchetto, coordenadora de Tecnologia Educacional do colégio.
Segundo ela, a escola trabalha com a questão da responsabilidade e consequência para evitar que o aluno se distraia em sala com o celular. "o aluno se distrai em sala independentemente do celular, mas ele sabe que se perder conteúdo haverá consequências. Quando ele tira a foto da lousa e revê esse material em casa, isso também cria uma responsabilidade no aluno", argumenta.(A.M.P.)