Armazenar medicamentos e produtos de limpeza em locais que não sejam acessíveis às crianças. Embora esta seja a orientação repassada por profissionais da saúde, que trabalham diariamente com crianças intoxicadas, novos casos de ingestão dessas substâncias surgem a cada dia.
O caso mais recente ocorreu em Maringá (Noroeste), onde uma professora da rede municipal percebeu que uma aluna de 8 anos havia levado para a escola comprimidos de estimulantes sexuais e distribuído aos alunos, acreditando que fossem balas. Após ingerir os comprimidos, encontrados na casa dos pais, a garota apresentou fortes dores de cabeça e outras dois colegas tiveram que fazer lavagem gastrointestinal.
De acordo com a secretária de Educação de Maringá, Edith Dias, essa não foi a primeira vez que uma criança levou medicamentos para a escola, por isso, os professores precisam ter um olhar clínico para acompanhar cada movimento dos pequenos durante as aulas.
Não só na escola, como também em casa, a prevenção é o fator decisivo para a diminuição do número de casos de intoxicação por medicamentos. Para o pediatra e médico do adolescente, Renato Mikio Moriya, são a elevada incidência, os custos do tratamento e a possibilidade de sequelas irreversíveis para as crianças que tranforma a intoxicação aguda em um importante problema de saúde pública no Brasil, representando uma das emergências médicas mais comuns na faixa etária de zero a 12 anos de idade.
''Os medicamentos são os principais agentes responsáveis, seguidos de intoxicações por produtos sanitários, pesticidas e produtos químicos de uso industrial'', afirmou Moriya, que é também coordenador da Comissão Interinstitucional de Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescentes de Londrina e presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Paranaense de Pediatria.
De acordo com o pediatra, em crianças com menos de um ano de vida, cerca de 60% das intoxicações são produzidas por medicamentos, enquanto que na população geral, esse índice é de 30%.
Ameaças
Para Moriya, as intoxicações causadas por fatores externos, na faixa etária de zero a cinco anos de idade, são acidentais e preveníveis, decorrentes de situações facilitadoras. ''Elas estão mais expostas à intoxicação devido à sua natureza curiosa e ao desenvolvimento motor. O bebê comunica-se com o mundo através do choro. Nesse período, as intoxicações são decorrentes da administração de medicação ou outras substâncias pelos pais ou responsáveis'', salienta.
O médico complementa que na faixa etária de um a quatro anos de idade, com o desenvolvimento infantil, as crianças já conseguem andar e demonstram agilidade, sendo capazes de alcançar objetos, manuseá-los, conduzi-los à boca. Nesses momentos de descoberta e entretenimento ocorrem os acidentes. ''Também nessa faixa etária, as crianças se tornam mais hábeis, conseguem abrir a maioria dos recipientes e embalagens, sua maior mobilidade lhes permite acesso a locais onde as famílias costumam deixar medicamentos e outros objetos que constituem ameaças'', explica.