Proposta do Instituto prevê a manutenção do piso em petit-pavé em preto e branco e com os desenhos originais
Proposta do Instituto prevê a manutenção do piso em petit-pavé em preto e branco e com os desenhos originais | Foto: Ricardo Chicarelli



O projeto de revitalização do trecho tombado do Calçadão, entre a Avenida Rio de Janeiro e a Rua Minas Gerais (área central de Londrina), aguarda um relatório do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Compac) para prosseguir. No final de fevereiro, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) anunciou que o projeto estava pronto para ser enviado para avaliação da Diretoria de Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura e depois deveria seguir para a Coordenação do Patrimônio Cultural do Estado, em Curitiba, para ser aprovado. A expectativa era iniciar as obras ainda neste ano. Mas algumas intervenções previstas pelo Ippul foram questionadas pelo conselho que agora discute possíveis alterações no projeto.

Segundo a presidente do Compac, Solange Batigliana, o projeto do Ippul propunha a preservação da Praça Willie Davids da forma como era antes da criação do Calçadão, mas o conselho defende que o projeto mantenha a praça integrada ao espaço, conforme o projeto elaborado pelo arquiteto Jaime Lerner em 1977. "O Ippul criava um espaço para a praça, como era antes da existência do Calçadão, mas nós entendemos que seria interessante manter o projeto original do Calçadão, feito em 1977, preservando o mobiliário e o paisagismo original", afirmou Solange. "O projeto de revitalização pode servir para guardar um registro da nossa história." Naquele trecho está localizado o Cine Teatro Ouro Verde, tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual.

"Tinha vários itens (no projeto do Ippul) que estavam descaracterizando o projeto original", disse a diretora de Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura, Vanda de Moraes. Para que a revitalização pudesse deixar o Calçadão o mais próximo possível do que era quando foi criado, no final da década de 1970, a secretaria resgatou partes do projeto original e o que não pode ser recuperado nos arquivos do município foi solicitado ao escritório de Jaime Lerner, em Curitiba. "Estamos fazendo uma grande pesquisa e juntando informações sobre o Calçadão para subsidiar o Ippul", destacou Vanda.

A comissão técnica do Compac que estuda as modificações no projeto do Ippul foi criada em 31 de agosto e o prazo para encerramento das discussões era 23 de setembro, mas foi prorrogado até 18 de novembro. O arquiteto e diretor de Projetos do Ippul, Humberto Leal, ressaltou que o instituto participa ativamente das reuniões do conselho para dar celeridade ao processo. "A gente tem interesse de finalizar isso o quanto antes para deixar o processo pronto para entrar no quadro de obras do município." O diretor disse não poder precisar prazos para início das obras já que o projeto, após ser finalizado pelos órgãos municipais, ainda deverá ser aprovado pela Coordenação do Patrimônio Cultural do Estado.

O projeto elaborado pelo Ippul prevê a manutenção do piso em petit-pavé em preto e branco e com os desenhos originais, mas o calçamento deve ser removido para nivelamento do solo e recolocado posteriormente. Também estão no projeto a construção de calçadas para facilitar a mobilidade de pessoas com deficiência física e visual e de grelhas subterrâneas para escoamento da água. O mobiliário, que inclui luminárias, lixeiras, floreiras e bancos devem ser substituídos por modelos iguais aos instalados nos outros pontos do Calçadão que já passaram por reforma.