O fechamento da rodovia com barreiras de fogo começou às 5 horas
O fechamento da rodovia com barreiras de fogo começou às 5 horas | Foto: Fotos: Saulo Ohara


Com a promessa de que a Prefeitura de Londrina realizará um mutirão emergencial no Distrito de Irerê (zona sul) no início de maio, moradores da localidade o encerraram o protesto que manteve paralisado o trânsito da PR-445 por mais de quatro horas na manhã desta terça-feira (25). O secretário municipal de Governo, Marcelo Canhada, admitiu a situação de abandono da localidade. Para amenizar os transtornos, o mutirão que vem sido realizado pelo município em regiões com infraestrutura precária será agendado em Irerê para os dias 4 e 5 de maio. A equipe da prefeitura vai executar a poda de árvores, regularizar a iluminação, tapar buracos no asfalto e tornar transitáveis as vias não asfaltadas.

O fechamento da rodovia (que liga Londrina a Curitiba) com barreiras de fogo começou às 5 horas e foi mantido até as 10 horas, quando Canhada e o secretário municipal de Obras, Fernando Tunouti, se reuniram com cerca de 60 pessoas para ouvir as demandas da população. Uma das principais queixas é relativa a melhorias no asfalto. Eles reivindicam o recape da Rua Ulisses Rodrigues Silva, a principal da localidade, que de acordo com os moradores não recebe manutenção desde que foi feita. Ao final do protesto, os próprios manifestantes iniciaram a limpeza da rodovia, com retirada dos entulhos incendiados.

O marceneiro Paulo Eliseu não sabia se ia conseguir cumprir os compromissos em Tamarana
O marceneiro Paulo Eliseu não sabia se ia conseguir cumprir os compromissos em Tamarana | Foto: Fotos: Saulo Ohara



Motoristas que ficaram parados no congestionamento que alcançou cerca de quatro quilômetros reclamaram do prejuízo causado pelo tempo perdido. O caminhoneiro Eliandro Santos Barbosa saiu de Londrina de madrugada para descarregar uma carga de baterias em Tamarana (Região Metropolitana de Londrina) e, por volta das 9h30, já acumulava uma espera de duas horas e meia. "Eu pretendia voltar para Londrina cedo e carregar o caminhão para Goiânia, mas não sei se vou conseguir. Para mim o prejuízo é grande", reclama.

O marceneiro Paulo Eliseu também saiu cedo de Londrina para resolver pendências de sua propriedade rural em Tamarana, mas não sabia se ia conseguir cumprir os compromissos. "Já cheguei até aqui e não pretendo voltar", disse ele.

"Pode haver atraso na entrega das encomendas", lamentou o motorista Miguel Arnaldo Coelho Filho
"Pode haver atraso na entrega das encomendas", lamentou o motorista Miguel Arnaldo Coelho Filho | Foto: Fotos: Saulo Ohara



Com o caminhão carregado de pacotes dos Correios que seriam entregues via Sedex em Curitiba, o motorista Miguel Arnaldo Coelho Filho vinha de Campo Grande (MS) e, sem saber do protesto, ficou parado por mais de três horas na rodovia. "É complicado porque fere nosso direito de ir e vir. Com certeza pode haver atraso na entrega das encomendas", lamentou.

Mutirão é apenas um paliativo

O secretário municipal de Governo, Marcelo Canhada, afirmou que o mutirão previsto para os dias 4 e 5 de maio no Distrito de Irerê é apenas um paliativo, mas que a solução de problemas de infraestrutura só serão resolvidos com o restabelecimento do poder de investimento da prefeitura – que projeta deficit de R$ 120 milhões para este ano -, com o recebimento de repasses dos governos federal e estadual e com a inclusão do município em um consórcio intermunicipal de asfaltamento. Esta última etapa já está em fase de tramitação na Câmara Municipal de Londrina (CML), em forma de projeto de lei.

Sem poder de investimento, as secretarias municipais têm promovido mutirões para amenizar as situações precárias em regiões de Londrina. Segundo o secretário municipal de Obras, Fernando Tunouti, os trabalhos já foram feitos em bairros como João Turquino, Lindoia, Maracanã e Ouro Branco.

Nesta semana, será no Vivi Xavier. Irerê será o primeiro distrito a receber o mutirão, mas Tunouti diz que, todos os meses, uma região rural vai sediar os trabalhos.

De acordo com Canhada, desde os primeiros dias da atual gestão, a equipe trabalha para "apagar incêndios", mas há um projeto para que, nos quatro anos, a recuperação da malha asfáltica, a roçagem de mato, a poda de árvores e a manutenção da iluminação pública se tornem rotina.



Enquanto isso, o secretário espera que a população dialogue com a prefeitura e evite ações extremadas, como o fechamento da rodovia. "Entendemos que a reivindicação dos moradores de Irerê é legítima, mas é melhor que nos procurem ao invés de um ato como este. Várias famílias ficaram presas nos carros por horas e caminhoneiros dizem que terão prejuízos com o bloqueio desta manhã", diz.

Esta foi a segunda manifestação dos moradores de Irerê. Na primeira vez, na manhã de sábado (22), a PR-445 ficou interditada nos dois sentidos e o congestionamento chegou a mais de três quilômetros. (C.A. E L.F.W.)