Rachaduras e infiltrações por toda parte são os problemas mais visíveis da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Conjunto Parigot de Souza 3, na Zona Norte de Londrina. Mas além de exigir a reforma do posto, aguardada há anos, a comunidade da região está se mobilizando para cobrar mais atenção e investimentos na saúde municipal.
Dois abaixo-assinados foram iniciados ontem pelo Conselho Comunitário de Saúde e Assistência Social da Região Norte de Londrina (Consaslon), uma Organização Não-Governamental (ONG) criada em 2005 para atuar junto aos usuários das UBSs. O primeiro documento repete o apelo por reformas feito quase um ano atrás, através de protestos e de outro abaixo-assinado que reuniu cerca de 500 nomes, mas que até hoje não foi atendido.
Segundo a presidente da Associação dos Moradores do Parigot 3, Eloísa Helena da Silva, que também é funcionária da UBS do bairro, o posto foi ampliado há 10 anos e desde então não recebeu nenhuma manutenção. As rachaduras avançam pelos corredores e consultórios. Infiltrações também estão se tornando críticas. ''Quando chove, a gente tem que tirar os medicamentos da farmácia para não molhar. Já chegamos a perder remédios por causa disso. Na sala de pediatria, um pedaço do teto desabou ano passado e por sorte não feriu uma criança'', apontou Eloísa.
A costureira Manuela Aparecida Neris, 37 anos, aderiu ao abaixo-assinado pela reforma, atestando que ''você fica com medo que o teto do posto desabe na sua cabeça''. Para ela, entretanto, problema ainda maior é a falta de médicos e medicamentos na UBS. ''Estou há seis meses tentando conseguir uma consulta com ginecologista. Quando finalmente consegui, o médico entrou de licença e não tem substituto'', reclamou, ontem pela manhã.
Benedito José Nogueira, conselheiro do Consaslon, afirmou que um dos problemas que têm sido discutidos pela entidade em reuniões é o baixo salário dos profissionais de saúde. ''Os próprios diretores das unidades da Zona Norte apontam que o salário pelo SUS é muito baixo, fazendo com que muitos médicos deixem as unidades. Vira e mexe sai um pediatra, um ginecologista, e demora para cobrir a vaga'', ressaltou.
A diretora executiva da Secretaria Municipal de Saúde, Margarete Shimiti, informou que um projeto de reforma da UBS do Parigot foi licitado e deve ser concluído nesta semana. A partir dele, a prefeitura irá elaborar um orçamento e abrir nova licitação, dessa vez para a obra. ''No ano passado, engenheiros fizeram uma avaliação no local e constataram que, apesar da aparência feia, não havia comprometimento da estrutura. Por isso demos prioridade para unidades que estavam em situação muito mais grave'', alegou. A diretora disse que não tomou conhecimento do desabamento de parte da estrutura da sala de pediatria.
Sobre a falta de médicos, Margarete esclareceu que a lei não permite a substituição de profissionais sob licença médica. A solução costuma ser o empréstimo temporário de médicos em unidades próximas, quando a ausência dos titulares é muito longa. A diretora também rebateu a crítica sobre os baixos salários na saúde municipal. ''Acredito que o atual modelo de formação dos profissionais é que cria uma expectativa diferente da real. Os salários na rede municipal são bons se comparados com os de outros serviços públicos'', assinala.