A cidade vem se expandindo rapidamente e trouxe uma diversificação tanto de serviços quanto de problemas
A cidade vem se expandindo rapidamente e trouxe uma diversificação tanto de serviços quanto de problemas | Foto: Gina Mardones



Cambé - O aposentado Caetano Rufo, 75, chegou em Cambé ainda criança e quando olha para trás e compara o município na década de 1950 com os dias de hoje, fica impressionado com o desenvolvimento. "Quando cheguei aqui era tudo café, chácara e mato. Onde hoje fica o (conjunto) Ana Rosa, eram 65 alqueires de fazenda de café. As ruas eram de terra, quase ninguém andava de carro. O crescimento foi bom para a cidade", garante ele.

A dona de casa Neide Caetano de Oliveira também só vê benefícios na expansão do município. "Quando me mudei para o bairro onde moro, tinha três casas, era muito mato. Agora tem escola, mercado, posto de saúde. Cresceu muito e ainda vai crescer mais porque tem muita gente construindo. Acho bom porque apesar dos problemas que tem, como o desemprego, é uma cidade muito boa para se viver."

Uma volta rápida pelo centro de Cambé (Região Metropolitana de Londrina) e breves conversas com a população deixam claro o orgulho dos habitantes de viver em um município com mais de 100 mil habitantes. A cidade que vem se expandindo rapidamente atingiu a marca populacional em 2013 e para os moradores, trouxe enormes benefícios, como escolas, comércio e postos de saúde. Mas a diversificação não se limita aos serviços e se estende também aos problemas.

Em outubro, o município completa 70 anos de emancipação política e um grande desafio é promover o crescimento ordenado para que a cidade chegue aos 100 anos com infraestrutura adequada para atender a população em todas as áreas.

SAÚDE
Com a queda na taxa de natalidade já constatada no município, o aumento populacional vem acompanhado do envelhecimento dos habitantes. E uma população mais velha traz novos desafios para os gestores. A Secretaria Municipal de Saúde já observou um aumento no número de atendimento a idosos nos últimos cinco anos. Hoje, mais de 10% da população do município são pessoas acima dos 60 anos de idade, o que corresponde a 12.236 pessoas, segundo dados oficiais. "Estamos capacitando novos profissionais para atendimento nas unidades básicas de saúde", disse a secretária de Saúde, Adriane Bertan Lombardi. "Estamos trabalhando melhor na prevenção e procuramos estar com o olhar voltado para o idoso."

Além das consultas nas UBS, a maior quantidade de idosos fez crescer também o número de exames e encaminhamentos para as especialidades. "Estamos reestruturando as equipes do Saúde da Família e a gente pretende ampliar o programa." Lombardi afirma não ter ideia dos investimentos necessários para dar conta desse novo público, mas disse que algumas ações já estão contempladas no Plano Municipal de Saúde para o período de 2018 a 2021.

No último Censo Demográfico realizado pelo IBGE, em 2010, Cambé tinha 96.733 habitantes. Em 2016, a estimativa do instituto era de 104.592. Recentemente, o Ipardes (Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social) lançou as projeções populacionais para o Paraná e, conforme o estudo, de 2017 a 2040, a população jovem dos municípios paranaenses com mais de 100 mil habitantes deve baixar de 22% para menos de 16% enquanto a população idosa desses mesmos municípios deverá saltar de 8,2% para cerca de 18%.

MOBILIDADE
Em relação à mobilidade, no momento, além do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Cambé, a cidade revê o Plano Diretor. Há um ano, a prefeitura contratou o Itedes (Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e Social) para elaborar o plano de mobilidade, conforme determina a lei federal 12.587 de 2012, que instituiu a Política Nacional de Mobilidade Urbana. O grupo de técnicos avaliou a forma como as pessoas se locomovem dentro da cidade, o meio de transporte utilizado e apontou soluções para os principais problemas detectados. Além de intervenções em vias, com a criação de passagens em desnível em regiões próximas à linha férrea, o plano prevê ações para priorizar ciclistas e pedestres, com a ampliação de ciclovias, de calçadas e do calçadão, no centro da cidade.

O plano também contempla a terceira idade, prevendo intervenções viárias pensadas para reduzir o risco de atropelamentos e mudanças para garantir a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida. Promover a melhoria do transporte público também está entre as prioridades do plano já em fase de conclusão e que deve ser entregue em breve à Secretaria Municipal de Planejamento. "(Após a implantação) o plano deve passar por uma revisão em cinco anos, depois em dez e depois em 20 anos. Há ações de curto, médio e longo prazo", explicou o arquiteto e urbanista João Baptista Bortolotti, um dos responsáveis pela elaboração do plano de mobilidade. "O problema do crescimento populacional não é bem o planejamento. Onde tem muita gente em um mesmo lugar dificulta a convivência em sociedade. E em uma sociedade muito individualista, temos esse problema", avalia.

"Ao longo de todo esse crescimento da cidade sempre existiu uma legislação que procurou organizar tudo isso e respeitar e seguir o que preconizam as leis", destacou o secretário municipal de Planejamento, Mario Vander Martins Roberto. "O Plano Diretor e o próprio Plano de Mobilidade têm suas propostas para os problemas e conflitos já instalados e a solução vai requerer medidas de curto, médio e longo prazo onde as questões orçamentárias vão ter que fazer frente a esses investimentos."