Projeto social atende 60 crianças com aulas de jazz, balé clássico e contemporâneo
Projeto social atende 60 crianças com aulas de jazz, balé clássico e contemporâneo | Foto: Fotos: Marcos Zanutto



Há três anos, a Acethac (Associação Cultural Espaço Thalita Cumi) vem transformando a realidade de crianças que carregam o sonho de se tornarem bailarinas. Entregando autoestima e oportunidade, o projeto social promove aulas gratuitas de dança para 60 crianças carentes, entre 3 e 13 anos, no jardim Monte Carlo (zona leste de Londrina).

Foi no terreno da casa da fundadora, Cleuza Oliveira, que o projeto deu início depois de uma notícia triste para a família. "Começamos após a morte da minha sobrinha, Thalita Cumi, que faleceu aos 23 anos, vítima de um câncer", conta Oliveira. Com sensibilidade para a questão, ela e a irmã, Cida Haab, começaram a fazer doações ao IHCL (Instituto Hospital do Câncer de Londrina).

A proposta mudou depois que a filha de Oliveira pediu para ser matriculada no balé e a mãe, que não podia pagar pelas aulas, encontrou um professor voluntário que se disponibilizou a ensinar para ela e mais duas crianças da vizinhança. Viu aí o início de uma escola de balé. "As crianças da rua começaram a se encantar, nós tivemos que abrir. Ficamos dois anos com turma de 15 alunos", recorda-se. Os interesses pelas aulas cresceram e ela passou a dedicar o tempo e as doações ao novo projeto.

Atualmente, o espaço atende 60 crianças entre 3 e 13 anos e conta com uma professora, Regina Altran, para ministrar as aulas de jazz, balé clássico e balé contemporâneo. "O balé é uma coisa que eu gosto muito e as crianças também. Quando eu venho aqui, me sinto muito realizada", conta a profissional formada em balé clássico e educação física. A professora doa metade do salário ao projeto.

Manter a escola funcionando não é simples. Oliveira é promotora de vendas, mas está afastada do trabalho por ter sido diagnosticada com esclerose múltipla e não recebe o auxílio-doença do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Por isso, mantém um bazar no quintal e conta com a parceria do CAPC (Centro de Apoio ao Paciente com Câncer) para ajudar nos custos e apoio à comunidade, além das doações de cestas básicas para alunos e famílias da região.

Pelo trabalho realizado, o projeto foi classificado entre os 10 finalistas no 3º Prêmio Londrina de Cidadania, promovido pelo OGPL (Observatório de Gestão Pública de Londrina) no final de 2017. "Eu me sinto realizada. Em tão pouco tempo, ganhamos o 6º lugar do prêmio de cidadania", afirma a fundadora. Orgulhosa, enxerga mudança no comportamento. "Eu vejo melhora na autoestima das crianças, elas se sentem melhores quando colocam o figurino."

Além das aulas e da distribuição de cestas básicas, a associação também conta com o apadrinhamento de crianças, em que pessoas se dispõem em contribuir com a mensalidade de um aluno no valor de R$ 68. Para 2018, o espaço pretende iniciar aulas de balé adulto para mulheres com câncer, atuando na qualidade de vida por meio de técnicas que melhoram a circulação e respiração.

Entidade procura padrinhos

"Eu quero ser escritora, mas também tenho o sonho de ser bailarina", conta Ágata Farias
"Eu quero ser escritora, mas também tenho o sonho de ser bailarina", conta Ágata Farias



Quando se trata de sonho, a autoestima é peça fundamental para acreditar no poder de realizá-lo. Crianças carentes da zona leste encontraram oportunidade de concretizar os seus com as aulas gratuitas promovidas pelo projeto social da Acethac (Associal Cultural Espaço Thalita Cumi). Além das aulas de jazz, balé clássico e balé contemporâneo, as crianças possuem atividades extras com a leitura de livros disponíveis na biblioteca do espaço.

Amanda Aya: apresentações e competições
Amanda Aya: apresentações e competições



"Nós estamos precisando de livros, porque estão começando a ficar repetitivos. Aqui, as crianças levam o livro para casa e voltam com o resumo para que a gente avalie a interpretação", afirma a fundadora e presidente do projeto, Cleuza Oliveira. As duas atividades mexem com a cabeça das crianças. "Eu quero ser escritora. Também tenho o sonho de ser bailarina", divide-se Ágata Farias, 11.

Entre as aulas de "balé baby", com as crianças menores, misturam-se as maiores para apoiar as brincadeiras. Com figurinos doados pela escola, as turmas fazem apresentações públicas quando convidadas por entidades. Assim, a associação vai estimulando a continuidade do curso, que ao término de oito anos entrega o certificado de formação de bailarino.

Caio Marin: "Quero virar profissional"
Caio Marin: "Quero virar profissional"



"Eu quero virar profissional, trabalhar dançando, porque eu gosto de dançar, eu sempre gostei", afirma Caio Marin, 11, que iniciou as atividades no espaço após ver a irmã se divertindo nas aulas. Já para Amanda Aya, 10, o início se deu por outro motivo. "Eu estava ficando gordinha e minha mãe falou que eu tinha que fazer alguma atividade. Quando eu vi outras pessoas dançando eu falei que também queria. É um sonho! Eu queria apresentar em várias cidades, competir", conta entusiasmada.

Lara Assis: oportunidade para outras crianças
Lara Assis: oportunidade para outras crianças



Entre os alunos, há uma presença ilustre que carrega o peso da responsabilidade do projeto. Lara Assis, 13, é filha de Thalita Cumi, nome que instituiu o espírito de cidadania na família, tornando o projeto possível. "Eu gosto muito e levo o nome da minha mãe. Acho importante dar continuidade, dar oportunidade para outras crianças", afirma quem já tem no DNA o olhar para o próximo. (L.T.)

SERVIÇO
O espaço precisa sempre de renovação de material, como barras, tapetes, figurinos e livros, além de ter custos com a estrutura e professores. Por isso, disponibiliza informações sobre o projeto social na página www.facebook.com/projetothalitacumi/. Os interessados podem ajudar com doações ou adotando uma criança.