Mais de 450 toneladas de donativos já foram arrecadados, somente em Curitiba, e encaminhados às vítimas das enchentes em Santa Catarina. Seis carretas e outros nove caminhões menores carregados de roupas, sapatos, alimentos, material de limpeza e de higiene saíram em comboio, no início da tarde, em direção às áreas mais afetadas do estado vizinho.
Os caminhões são, na maior parte, de voluntários ou de empresas que ofereceram o baú vazio de uma viagem de retorno. Segundo o tenente Eduardo Gomes Pinheiro, da Defesa Civil do Paraná, ainda não foram encaminhados o material acumulado no interior do Estado. "Para isso, pedimos cada vez mais a colaboração das empresas com caminhões indo a Santa Catarina", pede.
O maior volume é composto por roupas, seguido por itens alimentícios e, em terceiro lugar, garrafas de água. Nos postos de coletas o movimento foi grande durante o dia de ontem. No quartel do Corpo de Bombeiros, localizado no centro de Curitiba, foi organizado um esquema para entrega rápida do material. De acordo com o capitão Marcelo Jahnke, a maioria dos doadores são particulares.
É o caso de Luiz Tito. O curitibano esteve em Florianópolis a trabalho no dia em que começaram as enchentes. No retorno à capital paranaense, ele se sensibilizou com a situação dos municípios por onde passou. "Conheço muita gente que perdeu suas casas e até familiares. Minha vontade era ir até lá para ajudar, mas o pessoal da minha empresa disse que é melhor ficar por aqui. Então resolvi ajudar como posso", conta.
Tito decidiu mobilizar os familiares e amigos e, somente ontem, já tinha feito três viagens de carro até o quartel. Ele aproveitou a conversa com a reportagem da FOLHA para fazer um pedido baseado no que ouviu de conhecidos: "Quem puder doar também talheres, pratos, utensílios diversos, mesmo que sejam descartáveis, vai ser muito útil neste momento. Outro item simples para ajudar muito na limpeza das casas é sacola plástica", recomenda.
Uma característica comum de muitos desses doadores é o anonimato. Abordados pela reportagem, a maioria preferia não falar, alguns dizendo não estar fazendo mais do que a obrigação. Timidamente, Ana Maria Conter Lara explicou que decidiu doar roupas apenas por solidariedade. Mas ela garantiu que ainda não tinha terminado a tarefa. "Quero voltar mais tarde com mantimentos e água", contou.
Segundo o capitão Gerson Gross, do Corpo de Bombeiros, muitas pessoas ligam oferecendo móveis. "Neste primeiro momento não é interessante levar móveis aos desabrigados. Mas, assim que eles retornarem às suas casas, podemos até buscar a doação em casa". A exceção é para os colchões que já podem ser entregues nos pontos de coleta ou até buscados em casa.