Imagem ilustrativa da imagem Canteiro de obras sem dengue
| Foto: Fábio Alcover
Trabalhadores acompanham agentes de Endemias em uma vistoria; em Londrina foram registrados 4 mil casos de dengue neste ano



"A dengue mata. Este ano duas pessoas já morreram em Londrina por causa da doença e isso é inaceitável, já que é algo que podemos evitar". O alerta foi feito pelo secretário de Saúde de Londrina, Gilberto Martin, ontem de manhã, em palestra realizada em um canteiro de obras da Gleba Fazenda Palhano, zona sul de Londrina. Ele destacou que o mosquito Aedes aegypti, além de transmitir dengue, é vetor da zika e chikungunya. "Em gestantes a zika pode provocar a microcefalia de seus bebês e a chikungunya, embora não mate, pode deixar a pessoa incapacitada por toda a vida dela", advertiu.
Logo depois a educadora em Endemias da secretaria, Lucimara Vasconcelos, exibiu imagens de pessoas com sintomas de dengue hemorrágica. As atividades fazem parte da campanha "Obra limpa, obra sem Aedes", uma parceria entre a secretaria, sindicatos patronal (Sinduscon Norte-PR) e de trabalhadores (Sintracom Londrina) da construção civil e do Serviço Social do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Seconci Norte-PR).
A proposta é envolver o setor em práticas de controle nos canteiros de obras, com orientações sobre o ciclo de reprodução do mosquito e eliminação dos criadouros. As empresas de construção interessadas em participar da campanha estão se inscrevendo e o Sinduscon montou uma agenda de atendimentos junto aos agentes de Endemias.
Uma das pessoas que assistiu a palestra com atenção foi o servente de pedreiro João Batista, 37 anos. Quando morava no Maranhão ele chegou a contrair a doença. "A gente sempre aprende mais. Eu não sabia que qualquer copinho podia acumular água que pode virar criadouro", afirmou, garantindo que a partir dessas informações ele terá mais cuidado, porque a doença pode atingir a sua família ou um colega. "A minha experiência no Maranhão foi muito ruim; tive que tomar muito remédio e fiquei com frio e calor ao mesmo tempo", relembrou.
O também servente de pedreiro Joaquim Alves Leitão, de 58, contraiu a dengue há cinco anos, quando ainda morava na Paraíba. "Agora, quando vejo um copo, viro de cabeça para baixo, e a mesma coisa quando vejo um balde cheio de água", relatou.
Ao fazer a vistoria da obra, Lucimara apontou para baldes usados pelos operários. "Agora eles estão usando no trabalho, mas o perigo é deixar o fim de semana inteiro assim, cheios de água", explicou.
"Se cada um tiver a consciência de que não pode jogar copo no chão ou qualquer pedaço de plástico não teremos problema, mas se não tiverem essa consciência esse copinho pode se tornar um foco", apontou a técnica de segurança da obra, Viviane da Silva. Segundo ela, dois agentes ambientais fazem o trabalho de conscientização e de vistoria da obra.

MULTIPLICADORES
O presidente do Sinduscon, Osmar Ceolin Alves, afirma que essa campanha visa as obras em si e também a multiplicação dos combatentes da dengue. "Além de combater na própria obra, essas pessoas podem multiplicar o combate em suas casas e em seus bairros", projetou. As construtoras possuem funcionários não só de Londrina, mas de cidades próximas como Cambé, Ibiporã, Sertanópolis, Rolândia e Tamarana. "Temos funcionários de várias cidades aqui perto e acreditamos que essa campanha terá um alcance muito grande", apontou.
Martin destacou que os canteiros de obras são locais em que os agentes de Endemias identificaram alguns focos do mosquito. "São locais que possuem potencial para se tornar criadouros. Quando você trabalha com muita coisa, boa parte fica espalhada", apontou.
Em Londrina foram registradas neste ano 12.981 notificações de dengue, das quais 4.073 foram confirmadas, a maioria dos casos são autóctones. A cidade registrou dois óbitos por causa da doença. O município também registrou 85 notificações de zika, com 13 casos confirmados. Já as notificações de chikungunya foram 12, dos quais dois foram confirmados.