Alice Barros, com os pais Giovana e Fábio: sua história servirá de alerta para outras famílias ficarem atentas aos sintomas do câncer
Alice Barros, com os pais Giovana e Fábio: sua história servirá de alerta para outras famílias ficarem atentas aos sintomas do câncer | Foto: Anderson Coelho



Para chamar a atenção sobre o câncer infanto-juvenil, a Coniacc (Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer) está promovendo o Setembro Dourado. A campanha tem como objetivo conscientizar as famílias quanto a existência do câncer entre crianças e adolescentes e a importância do diagnóstico precoce.

Em Londrina, a ONG Viver, que atende 160 famílias, lançou nesta terça-feira (19) a campanha no terminal rodoviário da cidade. A ação contou com a entrega de panfletos e bate-papo com os passageiros sobre o câncer em crianças e adolescentes. A iniciativa ainda teve o ônibus de uma empresa da transporte interestadual, que vai estampar em alguns veículos mensagem sobre o Setembro Dourado.

"Quanto mais disseminar sobre esse assunto, mais as famílias ficarão atentas aos sintomas das crianças e a necessidade de levá-las até um pediatra quando sentirem alguma coisa diferente do normal", explica Lorena Couto Guskuma, presidente da instituição. Na próxima semana, está previsto um trabalho junto às escolas do município.

O câncer é a principal causa de morte por doença de crianças e adolescentes no Brasil. Somente em 2017, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima a ocorrência de quase 13 mil novos casos na faixa etária de 0 a 19 anos. As leucemias representam o maior percentual de incidência da doença, com 26%, seguida dos linfomas (14%) e tumores do sistema nervoso central (13%).

ATENÇÃO AOS SINTOMAS
Entre os principais sintomas que podem acometer uma criança e adolescente com câncer estão dores de cabeça contínuas, vômitos frequentes pela manhã, perda de peso inexplicado, inchaço abdominal ou em membros, e tosse persistente e falta de ar. Também são sinais da doença a presença de caroços pelo corpo e alterações oculares, como perda visual.

Segundo Guskuma, é fator determinante para a sobrevida da criança e do adolescente o tratamento na fase inicial da doença. "Isso dá uma possibilidade de recuperação muito grande. Por isso é tão importante a atenção quanto a prováveis sintomas", frisa. Dados do Ministério da Saúde apontam que a cura no País por câncer na faixa etária de zero a 19 anos é de 64%. A região Sul possui o índice mais elevado, com 75% de sobrevida.

Alice, o poder da superação
A estrela do Setembro Dourado em Londrina, promovido pela ONG Viver, é a pequena Alice Barros, 5. Vestida de Mulher Maravilha, ela mostra que é possível vencer a doença, principalmente com o tratamento precoce. Diagnosticada com o tumor de Wilms, câncer renal maligno com maior frequência em crianças entre 2 e 4 anos, ela precisou retirar um dos rins.

Segundo a mãe, a pedagoga Giovana Custódio, a descoberta veio um dia depois do dia das mães de 2015. "A irmã mais velha estava brincando com ela e por descuido bateu o pé na região da barriga da Alice. Ela reclamou um pouco de dor na hora, porém para nós era algo normal. Na segunda-feira, quando fomos trocar a fralda, a urina dela estava com muito sangue e corremos para o hospital", relembra.

Moradores de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina), a família recebeu o encaminhamento para levar a filha até o Hospital do Câncer onde um exame confirmou a doença. "Na mesma semana que foi descoberto o que ela tinha começou o tratamento", afirma. Ao todo, foram 49 sessões de quimioterapia, além da cirurgia para retirada do tumor, alojado no rim direito.

Em 2017, Alice completou 12 meses desde que ficou totalmente curada e voltou à rotina de brincadeiras e estudos. Para Custódio, os momentos que passaram, desde o diagnóstico, foram de superação. "Saber que minha filha estava com câncer foi muito difícil, doloroso e triste. Entretanto, aprendemos muito com ela, pois não reclamava de nada, nem de agulha. Ela conseguiu vencer com a pureza da criança", emociona-se ao falar da pequena heroína. (P.M.)