Gabriela era uma menina agitada, que falava alto, mas dentro do comum para uma criança de três anos. Após o nascimento da irmã Maria Eduarda, hoje com dois anos, seu comportamento se modificou bastante. ''Ela ficou mais agressiva, começou a fazer birra e não aceitava limites'', conta a mãe, a fonoaudióloga Karina Julienne Oliveira Souza. Ela batia na irmã pequena e a convivência ficou bem difícil entre elas. Os pais resolveram testar um tipo de terapia ainda pouco conhecido, a psicomotricidade relacional.
Com quase dois meses de sessões semanais, a menina já melhorou bastante. ''Hoje ela já presta mais atenção, está mais atenta, mais obediente. Ela tinha muitos ciúmes da irmã, batia, hoje ela se deixa bater'', conta o pai, Fábio Brancaglião de Jesus. Ele se mostra tão empolgado com o sucesso obtido com a filha mais velha que já pensa em levar a caçula também.
Na casa da família Castro, os irmãos Felipe, 7 anos e Isadora de 5, começaram as sessões de psicomotricidade para terem um espaço para se expressar, segundo a mãe Rosimeire Angelini Castro. ''A relação entre eles ficou menos tensa, eles estão mais tranquilos, brigam menos e estão mais tranquilos'', afirma.
Ela conta que Felipe já havia feito a terapia quando tinha quatro anos e que agora retomou na companhia da irmã para que possam trabalhar seus sentimentos, com liberdade. Para a mãe, possibilitar essa vivência dos filhos ''é uma conquista para a vida toda''.
Educação
Rosemary Marques da Silva é professora e em 2000 conheceu a técnica da psicomotricidade relacional em um curso no Centro de Capacitação do Professor em Faxinal do Céu (Centro-Sul). Ela se identificou tanto que resolveu estudar a técnica e hoje tem uma clínica em Londrina. ''Na época era professora em Juranda (Centro-Ocidental) e conseguimos aplicar a psicomotricidade, que hoje faz parte da educação infantil lá. Depois fui para Roncador (Centro-Ocidental), onde trabalhamos com a técnica na rede municipal e também em escolas particulares'', conta.
Rosemary diz que sentia falta de técnicas para trabalhar e a psicomotricidade veio suprir isso. ''Através dela consegui a aprovação de várias crianças que estavam em correção de fluxo (adequação série escolar/idade). As crianças não são mais ou menos inteligentes, a questão são os problemas emocionais. As crianças precisam ser ouvidas. O lado social na aprendizagem é muito importante'', afirma.
Durante as sessões, as crianças, em grupos, podem se expressar livremente, brincando como desejarem. ''Eles podem fazer tudo o que quiserem, sem ultrapassar os limites da segurança, claro. Assim vão expressando o que os incomoda e assim as questões vão sendo resolvidas'', explica Rosemary.