Dez meses após o início da polêmica sobre a reabertura da Rua Piauí, que permitiria a passagem dos carros pelo meio do Bosque Marechal Cândido Rondon (Centro), os usuários dessa área de lazer continuam sendo os mais prejudicados, uma vez que a manutenção está praticamente paralisada.
Buracos no chão e fezes dos pombos são as maiores reclamações de quem passa pelo local, como a cabeleireira Cristina Maciel. ''O cheiro é insuportável e a gente sempre corre o risco de cair. Além disso já tropecei diversas vezes nesses buracos. O pior é pensar que se não estão fazendo nada agora que é época de eleição, depois é que não vão fazer mesmo'', reclama.
Maria José Czir, balconista, conta que passa pelo bosque pelo menos três vezes ao dia, inclusive à noite e a falta de iluminação também é um problema sério. ''Ainda bem que nunca fui assaltada, mas as luzes sempre estão apagadas e a gente não vê um guarda por aqui. Fora isso, já cai por causa desses buracos e já vi muita gente caindo também. Antes eu até caminhava por aqui, agora está horrível. Acredito que, independente da briga judicial, pelo menos a manutenção tem que ser feita'', exige.
A aposentada Florentina Castilho usa o local para fazer sua caminhada e avalia o local como abandonado. ''Tinha que estar limpo, ter flores. O bosque precisa ser conservado'', pede.
Guto Rocha, integrante do movimento Ocupa Londrina conta que há pouco tempo foi feita uma reunião com moradores da região, que sinalizaram a necessidade de conservação e limpeza do local, mas devido aos problemas na administração municipal ficaram sem saber a quem entregar as solicitações.
Briga de liminares
O problema se arrasta desde o final de novembro do ano passado, quando depois da derrubada das árvores para reabertura da Rua Piauí, uma decisão judicial impediu a continuidade das obras até que a liminar fosse revertida ou que a ação fosse julgada.
Em março deste ano foi negado o pedido de supensão de liminar e ordenada a remoção dos entulhos, o que foi feito no final do mesmo mês. No final de maio, a Justiça determinou que a Prefeitura deixasse o bosque como era antes. Foi feito o plantio de 17 mudas de árvore e os bancos foram recolocados, mas o piso central não foi refeito e no local há apenas cascalho.
O prazo final para que as modificações fossem feitas era 19 de junho e a multa em caso de descumprimento foi estipulada em R$ 1 mil ao dia. O Município entrou com recurso no Tribunal de Justiça (TJ) para revogar a decisão e por isso as obras estão paralisadas até o julgamento, que ainda não tem data para acontecer.
De acordo com a promotora do Meio Ambiente, Solange Vicentin, o Ministério Público está fazendo seu parecer e somente após isso que o processo será encaminhado para o TJ em Curitiba.
Camillo Vianna, advogado da ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE) afirma que a expectativa é de que a sentença se mantenha, até porque o local foi definido como Área de Preservação Permanente (APP) e acredita que com a troca de administração municipal, os esforços para abertura da Rua Piauí devem se diluir, segundo ele, porque a maioria dos candidatos se posicionaram pela manutenção do bosque.
A reportagem da FOLHA entrou em contato com o secretário de obras, Ossamo Kaminagakura, sobre qual seria a ação emergencial realizada pela secretaria para resolver a falta de manutenção e de iluminação no local e foi informada que até o final do ano nada será realizado. ''Estamos em um período complicado de transição do governo e no momento não há realmente nada que possa ser feito'', afirmou, sem justificar o motivo que impediria a secretaria de realizar a ação emergencial.''Simplesmente não há nada planejado.''