Além de poluir, a queimada pode fugir do controle, colocando os moradores em perigo
Além de poluir, a queimada pode fugir do controle, colocando os moradores em perigo | Foto: Anderson Coelho



Com a chegada do outono e a proximidade do inverno, períodos marcados pela estiagem, é comum o aumento de focos de queimadas, principalmente no perímetro urbano. Em Londrina, fundos de vale, terrenos com despejo irregular de galhos e móveis e espaços em torno de unidades de saúde são os principais alvos da falta de consciência de parte da população, que não se importa com os riscos deste ato, que é considerado crime ambiental, e tem pena prevista de seis meses a quatro anos de reclusão, além de multa.

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No Conjunto Habitacional José Giordano, na zona norte, uma praça situada na Avenida Ana Cândida Bobroff Daros é a dor de cabeça da vizinhança. "Não se importam conosco. Tem a praça em frente à minha casa e sempre estão colocando fogo. Os vizinhos se juntaram há poucos dias para podar as árvores para espantar a criminalidade e a CMTU veio, cortou o mato, mas deixou restos de sujeira e ainda não recolheu o que havíamos separado. Deu no que deu", diz o caminhoneiro José Paulo Batista, apontando para mais um foco de queimada.

Imagem ilustrativa da imagem Bombeiros alertam para o risco de queimadas



Próximo da praça, um fundo de vale também preocupa. Por uma longa extensão é possível notar as marcas da última queimada, iniciada, segundo populares, para baixar o mato. "Isso acontece sempre. É o mesmo problema, a prefeitura faz a roçagem, mas não recolhe o lixo, deixando o serviço pela metade. Incomoda muito, porque fazemos a limpeza da casa, vem a sujeira do fogo, e temos que fazer tudo novamente", reclama Lucineia Henrique Barbosa.

A situação não é diferente na zona leste. No Jardim Abussafe, as queimadas costumam acontecer no período noturno, sempre após as 22 horas. Mãe de uma criança de um ano e quatro meses, e com o marido acamado, uma moradora do bairro, que preferiu não se identificar, lamenta a falta de consciência das pessoas. "É um bairro residencial com crianças e idosos. Não é local para fazer esse tipo de procedimento", crítica. "O cheiro é muito forte, não parece ser só mato", constata.

Segundo a moradora Josefa de Oliveira, as chamas não são vistas em razão da noite, mas o resultado aparece no outro dia. "Quando tenho roupa no varal saio correndo para recolher. Minha casa sempre amanhece com fuligem", conta. A professora aposentada também afirma é comum encontrar restos de lixos pelo bairro, o que contribui para que as pessoas coloquem fogo.

A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) informou que as atividades de corte e recolhimento do mato, como no caso do José Giordano, são feitas por equipes diferentes e com cronogramas de trabalhos distintos. Por essa razão, em algumas ocasiões, os dois procedimentos ocorrem em dias diferentes, cabendo notificação à terceirizada em caso de falha em alguma das etapas. Para informar sobre o problema, os moradores podem acionar a CMTU pelo fone (430 3379-7900.

RISCOS
Em 2017 o Corpo de Bombeiros já registrou 88 casos de incêndio no perímetro urbano, incluindo registros em terrenos baldios e beiras de estradas. O número representa pouco mais de um terço do ano passado, quando aconteceram 238 ocorrências. Em 2017, as incidências ainda estão baixas. "Porém, agora que teremos um tempo mais seco, a expetativa é de aumento no índice", projetou a tenente Luana da Silva Pereira.

Ela chama atenção para os riscos deste tipo de atitude. "Pedimos para que as pessoas não façam queimadas, pois elas podem fugir do controle, além de incomodar e poluir o meio ambiente. A fumaça também é perigosa, pois dependendo do produto, as pessoas podem inalar gases, muitas vezes tóxicos, como ocorre com a queima de pneus, por exemplo", adverte.

A orientação para a população é que ao avistar um foco de queimada ligar para os Bombeiros no 193. Caso seja frequente, a pessoa também pode fazer a denúncia na Secretaria Municipal do Ambiente (Sema), pelo fone (43) 3372-4770. "A participação da comunidade é importante na fiscalização. A pessoa pode ligar e passar as informações de forma anônima, não se expondo, e nos ajudando", explicou Roberta Queiroz, secretária da pasta.