Alunos do CEEBJA Herbert de Souza participaram de atividades no ônibus adaptado
Alunos do CEEBJA Herbert de Souza participaram de atividades no ônibus adaptado | Foto: Anderson Coelho



Atendendo estudantes dos ensinos fundamental e médio desde 2005, a Biblioteca Móvel Ambiental está levando suas atividades para os alunos da modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede municipal de Londrina há quase um mês. Esta é primeira vez que o atendimento é realizado com este público, que na cidade chega a 920 pessoas, sendo a grande maioria acima dos 50 anos.

Neste primeiro momento, o projeto, desenvolvido pela Secretaria Municipal do Ambiente (Sema), vem acontecendo de forma experimental, para que sejam realizadas adequações para atingir esses estudantes com mais efetividade. Foram três turmas do período vespertino e uma do matutino que receberam a biblioteca móvel (um ônibus adaptado), com a participação de 70 alunos. "Nas escolas que já passamos foi muito positivo", avaliou a professora Adriana Rodrigues Barra Rosa. As aulas no ônibus são centradas no consumo consciente, com apresentação de temas pertinentes ao dia a dia dos alunos, como reciclagem e descarte correto do lixo.

Responsável por conduzir as atividades, a professora apontou as diferenças em trabalhar o projeto com crianças e adultos. "Esses adultos estão na fase de alfabetização. Então, eles não conseguem ler as letras que são menores e que fogem do padrão da escrita de fôrma. Também vejo que é preciso um material específico, como a temática da zona rural, puxando pelo viés de como era antes, por conta da vida deles, e trazendo isso para o assunto meio ambiente", pontuou Rosa, que está cursando especialização em EJA.

A ideia é que o projeto volte a contemplar estes estudantes a partir de agosto, também atendendo no período noturno. Para isso, algumas questões burocráticas precisam ser resolvidas antes, como adequar o horário do motorista e uma autorização das secretarias municipais de Educação e Ambiente. Ao todo são 41 turmas que oferecem o ensino para jovens e adultos em 34 escolas espalhadas pelas zonas urbana e rural do município.

CONTATO PRODUTIVO
Nesta segunda-feira (22), o ônibus da biblioteca móvel esteve no CEEBJA Herbert de Souza, na Vila Nova, região central. São 15 alunos matriculados no centro, sendo dez que frequentam ativamente. Com faixa etária superior aos 60 anos, os estudantes gostaram do contato com o projeto, que vai de encontro à temática trabalhada neste bimestre, que é meio ambiente e qualidade de vida.

Aos 62 anos, João Figueiredo Duarte nunca estudou. Para o mestre de obras aposentado, que começou a frequentar o EJA em 2016, a experiência foi muito produtiva. "Desde que entrei no EJA aprendi bastante. Não sabia ler direito e hoje já consigo fazer isso melhor. Estar na biblioteca móvel é uma oportunidade de colocar esse aprendizado em prática. E eu só via o ônibus pelas ruas e tinha a curiosidade de conhecer como era por dentro", contou.

Trabalhando de domingo a quinta no período noturno com limpeza em uma universidade, Roseli Domingues, 47, vê nos estudos a chance de complementar o que só conhecia através dos três filhos. "Parei de estudar para trabalhar e cuidar dos meus irmãos. Voltar a frequentar a escola está sendo ótimo e ter essa relação com um lugar diferente, como o ônibus, é bem interessante."

Já Julieta Perotti, 75, aproveitou a tarde, na qual pôde assistir um vídeo e palestra, para fazer o que mais gosta, que é ler. "Vou muito às bibliotecas e gostei daqui porque nunca tinha entrado em um ônibus que também tem biblioteca", destacou a aposentada, que após muitos anos dedicados ao trabalho e à família pôde dar mais atenção para sua formação. "Quero ver se volto a escrever."

Segundo a professora da turma, Fernanda Guelere, a vivência em espaços como o da Biblioteca Móvel Ambiental são importantes para sensibilizá-los. "A leitura e o conhecimento adquirido ajudam todos eles a terem repertório durante a escolarização. Muitos não tiveram esse tipo de serviço, ainda mais aqueles que nunca frequentaram a escola", afirmou. A pedagoga ainda frisou a inclusão entre alunos do EJA e que tem algum tipo de necessidade especial, e frequentam o ensino, que acaba sendo valorizada com atividades práticas.