A idéia de sacrificar parte da população de pombas de Londrina ainda ronda a cabeça das autoridades. Agora, a esperança de conseguir licença para o abate está sendo depositada na Instrução Normativa nº 141, baixada pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em dezembro do ano passado, que regulamenta o ''controle e manejo de fauna sinantrópica nociva.''
O dispositivo se refere a populações animais de espécies silvestres nativas ou exóticas, que utilizam recursos de áreas ocupadas pelo homem e causam significativos transtornos econômicos, ambientais ou à saúde pública. Para a promotora de Defesa do Meio Ambiente de Londrina, Solange Vicentin, as pombas atendem ao perfil. ''Do jeito que a situação está na cidade, nem seria preciso autorização do Ibama (para abate)'', acredita.
Entre as espécies passíveis de controle sem autorização, entretanto, a IN cita apenas o pombo doméstico (Columba livia). Levantamentos feitos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) apontam que essa espécie é minoria na cidade. O grosso da superpopulação - que já chegou a ser estimada em 300 mil aves - seria formada por pombas silvestres (Zenaida auriculata).
Além disso, o Ibama impõe que o abate de espécies só deve ser executado quando forem esgotadas outras medidas, como a eliminação ou alteração de recursos utilizados pela fauna. Nenhuma ação alternativa para tentar resolver o problema foi posta em prática até hoje em Londrina.
Em reunião realizada pela promotora com representantes de órgãos de Meio Ambiente, Saúde e Agricultura na semana passada, houve um ''reconhecimento'' de que a situação é grave. ''Vamos ver como pode ser feito o preenchimento do protocolo para controle e manejo das pombas, em conformidade com a IN'', afirmou.
Segundo Solange, o Ibama arquivou o pedido feito em 2006 pela Prefeitura de Londrina para sacrificar parte das pombas que povoam a Área Central. O órgão teria entendido que a medida deixara de ser necessária quando o município foi incluído na IN nº 108, que autorizava o abate na zona rural de mais de 60 cidades do norte e noroeste paranaenses. Apesar do grande número de reclamações de agricultores, ninguém lançou mão dessa prerrogativa na região.
A chefe regional do Ibama, Neuza Emídio, observou que o pedido para execução de manejo e controle das pombas não poderá ser protocolado enquanto persistir a greve dos servidores do órgão, iniciada no último dia 14.