A COL atende desde bebês até alunos com mais de 60 anos, nas modalidades de estimulação precoce educação infantil e ensino fundamental
A COL atende desde bebês até alunos com mais de 60 anos, nas modalidades de estimulação precoce educação infantil e ensino fundamental | Foto: Fotos: Gina Mardones



Uma a cada 68 crianças apresenta sintomas do chamado Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), como passaram a ser chamadas as patologias associadas ao autismo após a nova classificação americana para transtornos mentais (DSM 5), publicada em 2014. O número de casos é crescente, mas não significa necessariamente que estejam nascendo mais crianças autistas. Conforme o psicólogo clínico e escolar Danilo Goulart, especialista em saúde mental e com formação na área de autismo pela Universidade de Carolina do Norte, nos Estados Unidos, o aumento reflete o maior número de diagnósticos decorrente da nova classificação.

Goulart fará palestra me Londrina no dia 31 de março, às 19 horas, no teatro do Colégio Londrinense, por ocasião do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, celebrado em 2 de abril. Ele vai falar a pais, estudantes e profissionais da área de saúde e educação sobre as mudanças impostas pela nova classificação e os impactos no atendimento às pessoas com autismo.

"Após o DSM 5 o diagnóstico ficou mais abrangente, com aumento no número de pessoas enquadradas no Transtorno de Espectro Autista", explica ele, destacando que essa nova realidade impõe também a necessidade de um novo olhar para o atendimento. "Pessoas que antes eram consideradas apenas ‘diferentes’ ou ‘esquisitas’ passaram a receber diagnóstico de autismo. Isso causa impacto na educação e na saúde", pontua.

O psicólogo defende que, ao contrário do paradigma vigente até pouco tempo, o foco do atendimento das pessoas com autismo deve ser na área de saúde mental. "Elas não devem ser apenas vistas como pessoas com necessidades escolares diferentes. O atendimento deve ser interdisciplinar, inclusive nos Centros de Atenção Pisicossocial (Caps), que devem concentrar o atendimento em saúde mental", defende.

A educação, segundo ele, cumpre seu papel ao oferecer alternativas aos autistas, mesmo que através das escolas especiais. Na área de saúde mental, porém, ele avalia que sempre houve negligência.

Em 2013, o governo federal lançou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que previa a participação da comunidade na formulação das políticas públicas voltadas para os autistas, além da implantação de centros de assistência, acompanhamento psicossocial e avaliação do atendimento na rede pública de saúde. "O reforço no atendimento multiprofissional e atenção em saúde mental estão presentes nessa política", esclarece.

Goulart defende que o atendimento adequado deve prever a singularidade do sujeito e incluir também a família, com orientações sobre o manejo das pessoas com autismo. "Os familiares precisam ser fortalecidos", diz, destacando que o objetivo final da mobilização é garantir inserção social. "É preciso sair do mundo das clínicas."

LONDRINA
Em Londrina, a Escola de Educação Básica Manain – COL oferece, desde 2007, atendimento especializado para autistas. Com uma trajetória de 32 anos, a instituição iniciou atendendo pessoas com deficiências intelectuais diversas, mas, há dez anos, passou a focar no autismo.

"Começamos atendendo crianças com mais de 7 anos, mas percebemos que a estimulação deveria iniciar antes e fomos reduzindo a idade", contam a diretora Denise Cavalheiro, a psicóloga Adriana Von Stein e a coordenadora pedagógica Juliana Aparecida de Souza.
Hoje, a COL atende desde bebês até alunos com mais de 60 anos, nas modalidades de estimulação precoce (para crianças até 3 anos), educação infantil e ensino fundamental. A diferença é que os alunos cursam, no máximo, até o segundo ano fundamental, o que pode levar nove anos. Para os mais velhos, existem opções em educação de jovens e adultos. Para crianças e adolescentes matriculados em escolas regulares, é possível receber atendimento apenas no setor clínico. "Temos vários alunos que não têm deficiência intelectual associada e que foram incluídas na educação regular", contam.

TEA
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) referem-se a um grupo de transtornos caracterizados por um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados. Para garantir que os alunos ampliem as possibilidades de interação familiar e social, as profissionais da COL reforçam que o atendimento deve ser o mais precoce possível.

"O objetivo é que eles aprendam a se comunicar para se desenvolverem", afirma Denise, destacando que, como os alunos não têm comunicação verbal, é preciso desenvolver outras estratégias, como por exemplo a comunicação visual.

A comunicação e a autonomia são fundamentais para o inclusão social. "Queremos que nossos alunos sejam capazes de frequentar supermercados, festas, receber as pessoas em casa com tranquilidade. Isso faz muita diferença para eles e para as famílias", afirmam.

SERVIÇO
Palestra com Daniel Goulart, em comemoração ao Dia Mundial de conscientização sobre Autismo, no dia 31 de março, às 19 horas, no Teatro do Colégio Londrinense (Av. JK, 1652). Informações no COL – Rua das Açucenas, 100.