Quase um ano e meio depois da chuva de janeiro de 2016 que deixou um rastro de destruição em Londrina e um prejuízo de R$ 95,1 milhões, algumas das obras mais urgentes, as de reconstrução de pontes essenciais para o deslocamento da população da zona rural, ainda não foram concluídas. A ordem de serviço para as obras de dez pontes foi assinada no início de novembro de 2016 e os projetos mais demorados deveriam levar 135 dias para serem executados, mas até agora apenas um deles ficou pronto. A ponte sobre o ribeirão Cafezal, na rodovia Mábio Gonçalves Palhano (zona sul), foi reaberta no último mês de março. As outras obras ainda estão em andamento.

A ponte sobre o ribeirão Cafezal havia sido inaugurada em dezembro de 2015. Menos de um mês depois, a força das águas destruiu a estrutura. A ponte dá acesso ao distrito Espírito Santo, ao patrimônio Regina e aos condomínios horizontais da zona sul, e a sua reconstrução era a segunda obra mais cara do pacote de dez pontes licitado pela Secretaria Municipal de Obras. O valor máximo previsto era de R$ 1.450.000,00, mas foi executada por R$ 1.327.800,00. A empresa Ivano Abdo Construções e Incorporações Ltda., de Curitiba, foi a responsável pelo projeto, que tinha prazo de conclusão de 135 dias corridos. A obra foi feita no prazo e liberada para o tráfego em 16 de março.

EXÉRCITO
Todas as outras nove obras ainda estão em execução. Sete delas deveriam ter sido concluídas em fevereiro passado e as outras duas, em março. Entre as nove pontes, seis estão sendo reconstruídas pelo consórcio 4S Engenharia e Serviços Ltda., de São Paulo, e três pela Fair Play Construções Civis e Incorporações Ltda., de Londrina. O prazo de entrega de todas as obras que faltam ser finalizadas será prorrogado pela segunda vez e, segundo o secretário municipal de Obras, Fernando Tunouti, a ponte sobre o rio Taquara, entre Guairacá e Paiquerê, deve ser entregue no início de julho. As outras oito, entre o final de julho e início de agosto.

Após a queda da estrutura, moradores de Guairacá e Paiquerê ficaram dois meses sem ter como atravessar o rio. Para ir de um lado a outro, a única opção era um caminho alternativo que alongava o trajeto em cerca de 30 quilômetros. No início de março de 2016, o Exército instalou uma ponte provisória no local e desde então já solicitou a devolução da estrutura por duas vezes. Mesmo assim, há mais de um ano a ponte provisória continua no local e é ela que tem evitado que os moradores das duas localidades fiquem isolados uns dos outros.

"Estamos finalizando a conclusão da ponte entre Paiquerê e Guairacá. Estamos fazendo um outro pedido de prorrogação, já é o segundo. A prorrogação é necessária porque o mês passado foi um pouco atípico em termos de chuva e atrasou o andamento dos trabalhos. Então o prazo será prorrogado. A previsão é de mais de um mês para a conclusão de todas as obras", explicou Tunouti.

Consórcio pede revisão de valores
O secretário municipal de Obras, Fernando Tunouti, explicou da que o consórcio
4S Engenharia e Serviços Ltda., de São Paulo, solicitou uma revisão dos valores de todas as obras sob sua responsabilidade. Segundo ele, o reajuste está sendo estudado pelo município. Já o consórcio Fair Play pediu apenas prorrogação no prazo para conclusão dos projetos, sem reajuste de valores.
"Está sendo feito um estudo ainda a pedido da própria empresa (consórcio 4S), mas eu prefiro não divulgar. É mais caro executar as obras em período de chuva, mas apenas a empresa que se sentir prejudicada pede o reajuste de valores", disse. Somadas, as obras a serem executadas pelo consórcio 4S foram orçadas inicialmente em R$ 4.333.200,00. Apenas a ponte sobre o rio Taquara tinha valor previsto de R$ 1.780.000,00.

A reportagem entrou em contato com o diretor comercial do consórcio 4S, que indicou o engenheiro responsável pelas obras em Londrina para dar mais informações, mas ele não foi localizado.

CHARLES LINDEMBERG
A ponte Vereador Amélio Viecelli, na continuação da rua Charles Lindemberg, sobre o ribeirão Cambé, também foi interditada. Metade da pista da ponte no jardim Califórnia (zona leste) ficou comprometida após um deslizamento que ocorreu dias depois da forte chuva de janeiro. Desde fevereiro de 2016 o tráfego de veículos só é permitido em meia pista.

Tunouti informou que a primeira licitação para os reparos deu fracassada por causa da inabilitação da empresa vencedora. O edital foi refeito e a nova data para abertura dos envelopes foi marcada para 6 de julho. Após o trâmite para a escolha da empresa, o prazo para execução da obra é de 90 dias. (S.S.)