Outra família que tenta preservar o costume da refeição unida é a do corretor de seguros Edson Giroti, formada pela Elaine e as filhas Ellen, 13 anos, e Emily, 11. As duas chegam da escola e ficam à espera do pai, que vem do trabalho. ''Agora as duas vão à escola de manhã, mas mesmo quando estudavam em horários diferentes, a espera para a reunião acontecia religiosamente'', afirma Giroti.
No encontro, que acontece diariamente por volta do meio-dia, o silêncio não tem vez. ''A gente conversa o que aconteceu na escola e já aproveitamos e discutimos o que vamos fazer no resto do dia. É um momento bem agradável; não levamos bronca. Conversamos sobre tudo e nossos pais sempre nos dão conselhos'', diz Emily. E o pai faz questão de frisar: ''Mostramos o caminho, mas são elas que tomam a decisão.''
Diante da constatação da família, a dica unânime entre especialistas é reforçada. Para se beneficiar de tudo de bom que as refeições em família trazem, aconselha-se não fazer cobranças nem enveredar para conversas desagradáveis. ''Tem de ser a hora de compartilhar experiências de forma gostosa'', avisa a terapeuta Magdalena.
''É importante resgatar esse hábito tão saudável, já que hoje há cada vez menos solidariedade e colaboração nos lares. Cada um vive por si só, e não consegue olhar na cara do outro'', completa. Sobre isso, a filha mais velha tem opinião e é categórica ao dizer: ''Quando vamos a algum lugar em que as pessoas não têm o hábito de sentar-se à mesa, é muito estranho, cada um fica num canto e nem se fala direito'', observa.
A mãe lembra ainda que a hora da refeição também é momento de acompanhar a qualidade da alimentação das meninas. ''Como eu preparo a comida, desde pequena elas comem salada. Não tenho problema algum com elas'', diz ela, que fica atenta com os horários e ingestão de ''besteiras''.
A nutricionista Lara Natacci alerta que é durante a refeição em família que mais se presta atenção à qualidade alimentar. ''Geralmente, o ritual proporciona uma alimentação mais saudável. Além disso, as pessoas comem menos e mais lentamente do que quando estão diante da TV ou sozinhas. A refeição à mesa também pode evitar problemas como obesidade, além de outros distúrbios alimentares'', afirma a especialista, que também é professora do curso de pós-graduação da Universidade de São Paulo, na área de Promoção de Saúde.
Por sua vez, Edson garante às outras famílias que reunir-se à mesa é indispensável. ''É o momento de você curtir sua família. Tudo passa tão rápido, e sei que essa fase também vai passar. Elas vão crescer, ter mais responsabilidades e o dia vai ser vai corrido. Vai ser mais difícil ter sempre a família toda reunida.'', observa. (M.T.)