Unidade, na zona norte de Londrina, custaria R$ 6 milhões: construção abandonada e tomada pelo mato
Unidade, na zona norte de Londrina, custaria R$ 6 milhões: construção abandonada e tomada pelo mato | Foto: Saulo Ohara



As obras dos centros estaduais de Educação Profissionalizante (Ceep) de Londrina e de Ibiporã, na região metropolitana, deveriam ter sido concluídas em novembro de 2014, mas permanecem paradas e sem previsão de entrega. Os Ceeps seriam escolas profissionalizantes que teriam como objetivo oportunizar à população paranaense a formação para o mundo do trabalho e preparação para continuidade dos estudos, por meio da expansão da oferta da educação técnico-profissional na rede pública.
Na época em que foram anunciados, estava prevista a construção de vários Ceeps na área de abrangência do Núcleo Regional de Educação de Londrina. Aqui na cidade a unidade ficaria no Jardim Catuaí; em Ibiporã, no Jardim Pinheiro; em Cambé, no bairro Castelo Branco; em Rolândia seria instalada ao lado do Parque Industrial; e em Porecatu seria na Av. Paranapanema. Do total, apenas as unidades de Londrina e Ibiporã iniciaram as obras, mas foram interrompidas logo após as eleições de 2014.
A unidade londrinense custaria em torno de R$ 6 milhões e teria uma área de 12 mil m². A previsão é de que cada centro ofereceria entre 1,2 mil a 2 mil vagas para estudantes de cursos técnicos profissionalizantes nas áreas de informática, eletrônica, mecânica e mecatrônica. A escola teria laboratórios, oficinas e espaços de lazer.
O terreno da unidade londrinense foi doado pelo município e os recursos para a construção viriam do governo federal. Já a contratação do pessoal, a administração e a aquisição de mobiliário caberiam ao Estado. Mais de dois anos depois do prazo de entrega da obra, o cenário encontrado no local é desolador, com a construção abandonada e tomada pelo mato. Muitas pessoas têm descartado lixo e entulhos no local, mesmo próximo à placa com os dizeres "Proibido jogar lixo", colocada pelos moradores.
O aposentado Josir de Camargo mora em frente ao espaço e ressalta que a obra parada deixa o bairro feio. "Quando começou a obra nós sofremos, porque foram mais de 500 caminhões de terra movimentados no local. O forro de nossas casas está até hoje com terra devido a esse vai e vem dos caminhões", destaca. Mas o que mais impressionou foi a velocidade com que os materiais de construção foram saqueados assim que a obra parou. "Os tapumes eram feitos de tábuas de madeira muito boas. Saquearam para construir casas na favela. Eles desmancharam tudo e levaram embora. Nem as três casas de madeira que foram construídas para servir de alojamento eles deixaram", aponta.
Agora, quando chega a noite, Camargo afirma que fecha os portões devido à insegurança. "Tem gente que fica escondido no mato e para nós isso é perigoso. A gente quer saber se a obra vai ficar toda a vida parada ou se vão recomeçar tudo de novo. Porque se ficar parada, quanto material foi perdido, jogado fora. Isso tudo é dinheiro de impostos", reclama.
A dona de casa Tereza Lopes da Silva lembra que a área que hora abriga a obra abandonada era uma horta comunitária. "Quando fazíamos a horta era tudo limpo e organizado. Eu mesma cuidava de um espaço ali. Agora está tudo tomado pelo mato", lamenta. O motorista Israel Pereira da Silva observa que se o centro tivesse sido entregue no prazo, em 2016 já poderia ter formado uma turma. "Pelo que a gente nota, não tem previsão de retomada da obra. Agora o dinheiro está todo enterrado", aponta.

FALTA DE REPASSES
Segundo a chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Londrina, Lúcia Cortez, a empresa que ganhou a licitação abandonou a obra alegando falta de repasses do governo federal. "Agora o processo está com o departamento jurídico. Temos que esperar a rescisão do contrato para iniciar uma nova licitação e isso não é algo muito rápido", ressalta.
Lúcia não soube dizer qual órgão federal enviou os recursos, mas explica que um engenheiro do NRE realizava as medições da evolução da obra constantemente. Além disso, segundo ela, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística autorizou a instauração de processo administrativo visando apurar irregularidades, em tese, cometidas pela empresa responsável por faturamento de serviços maior do que o efetivamente executado. A reportagem tentou entrar em contato com a empresa, mas ninguém atendeu as ligações.