Curitiba - Preocupada com a forma com que os casamentos vêm sendo realizados na igreja, em geral com maior destaque para a cerimônia social do que para a religiosa, a Arquidiocese de Curitiba divulgou, ontem, um conjunto de novas normas que daqui para frente deverão regular a celebração dos casamentos.
As chamadas ''Normas da Arquidiocese de Curitiba para a digna celebração do sacramento do matrimônio'' foram apresentadas na noite de quarta-feira, em reunião com padres, pessoal das paróquias e profissionais da área, como floriculturas, cerimonial, músicos e profisionais de foto e filmagem. Elas passam a valer definitivamente a partir de janeiro de 2008. Até lá os envolvidos terão um período de adaptação às mudanças.
O padre Gilson Cezar de Camargo, integrante da Comissão da Animação Litúrgica da Arquidiocese de Curitiba, foi o responsável pela definição das novas normas. Ele faz questão de frisar que não se trata de implantar mudanças nas regras atuais. A intenção da igreja, segundo ele, é valorizar o rito do matrimônio, que vem perdendo espaço na celebração dos casamento.
''A própria CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) está preocupada com acréscimos que foram introduzidos na cerimônia do matrimônio e que são estranhos ao rito. Esses acréscimos atrapalham a beleza própria do ritual do matrimônio, que é um dos mais bonitos da igreja, e o que deveria ser secundário acaba sendo prioritário no sacramento do matrimônio'', diz.
Ele explica que o rito religioso exige no mínimo 30 minutos da celebração. O que vem acontecendo é que em função de atrasos da noiva, entradas demoradas com muitas pessoas e muitas músicas, esse cerimonial social, que deveria ser secundário, toma a maior parte da cerimônia e o rito em si tem que ser realizado às pressas.
Um desses ''acréscimos'', segundo ele, é a figura do padrinho. ''Não sei de onde surgiu que é preciso padrinhos'', afirma, lembrando que o sacramento não exige a presença de padrinhos e sim de duas testemunhas. O grande número de padrinhos, no entanto, faz com que a entrada na igreja torne-se muito demorada. Com a mudança, os padrinhos não poderão mais entrar na igreja com destaque, junto com os noivos.
Outra restrição refere-se às músicas, que agora só poderão ser executadas em momentos específicos da celebração. ''A comunidade precisa ouvir as palavras dos noivos no consentimento, ouvir as palavras na entrega das alianças, o que não acontece com a música'', diz.
As outras mudanças são mais específicas para os profissionais que atuam com o casamento. Uma delas estabelece, por exemplo, que fotógrafos, filmadores e cerimoniais não deverão se movimentar durante a proclamação da Palavra e a Homília, em respeito à palavra de Deus, para não distrair os presentes. Outra prevê, ainda, que os arranjos de flores não atrapalhem a visão.