Condenado a uma pena alternativa por desacato a autoridade no ano passado, Robson Carlos Rufino, de 18 anos, tem hoje a oportunidade de trabalhar com carteira assinada. Ele conseguiu a garantia de serviço no início do mês, quando foi efetivado como auxiliar de serviços na Seleta Leão Engenharia, empresa responsável pela limpeza pública em Londrina. O contrato foi feito por causa do bom desempenho do jovem durante o projeto Abrace Londrina, um mutirão de limpeza realizado há pouco mais de um mês em bairros e nos distritos rurais.
Robson cumpre pena por meio do Patronato Penitenciário, prestando serviços à comunidade. O sistema permite àqueles que cometem crimes considerados leves pela Justiça que paguem a ''dívida'' dedicando horas em benefício de outros.
A pena, num total de 96 horas de trabalho, será cumprida até o final do mês, com o trabalho na roçagem e capina do mato, além da retirada de entulhos em bairros da cidade. O jovem, que mora sozinho em uma casa na Zona Leste, já tem planos para o salário de R$ 495, mais R$ 140 em tíquete alimentação e vale transporte.
Rufino considera o cumprimento da pena com prestação de serviço como uma chance de recuperação. ''Se eu ficasse preso seria pior. Sairia bravo, revoltado. Hoje sei que estou fazendo uma coisa útil para as pessoas e beneficiando a mim mesmo.''
A experiência de colocar os apenados para o serviço da limpeza pública começou com dois homens. Numa segunda operação realizada pela prefeitura oito apenados foram selecionados para o trabalho. Desse total, quatro foram efetivados pela empresa, já estão trabalhando e continuam cumprindo a pena em horários alternativos.
''São pessoas que cometeram delitos leves, mas que por terem passagem pela polícia enfrentam mais dificuldade em conseguir emprego e levar uma vida digna. Queremos recuperar essas pessoas e essa é uma oportunidade que encontramos'', afirma Ronaldo Siena, técnico da diretoria de operações da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), um dos responsáveis pelo encaminhamento dos apenados.
RecuperaçãoHoje, 1,7 mil pessoas cumprem penas em Londrina por meio do Patronato Penitenciário. São detentos com penas alternativas entre seis meses e quatro anos. Mais de 100 instituições filantrópicas, educativas ou públicas se beneficiam com os serviços dos apenados. O sistema tem convênio com o município e coloca os apenados à disposição para prestação de serviços à comunidade. O índice de reincidência é de 1% a 2%, bem menor do que os 60% registrados no regime fechado.
Segundo o diretor do Patronato Penitenciário de Londrina, Tadeu José Migoto, a seleção para a escolha do serviço é feita de acordo com o grau de escolaridade e com o tipo de delito cometido pelo apenado. ''Para eles é a oportunidade de recuperar a vida, o trabalho e não retornar à criminalidade. O preso que frequenta o Patronato quer se recuperar e precisa apenas de uma oportunidade. Mais do que o salário, a carteira assinada começa a ser o resgate de cada um deles''.