Mais de um terço dos casos de intoxicação por medicamentos no Brasil atingem crianças menores de cinco anos, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). A informação será destaque em um evento, hoje, Dia Nacional do Uso Adequado de Medicamentos, na Boca Maldita, em Curitiba, que pretende alertar a população quanto a importância do tema.
Somente no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, foram atendidas 113 crianças por ingestão indevida de remédios, no ano passado. Onze delas ficaram intoxicadas por uso de tranquilizantes e três por anticoncepcionais.
Para a coordenadora do curso de farmácia da Faculdades Pequeno Príncipe, Rosiane
Zibetti, os casos de acidentes com medicamentos ligados a crianças estão divididos entre as que se intoxicaram após ingerir medicamentos utilizados por familiares e as que receberam superdosagens de medicamentos pediátricos.
Ela ressalta que, para evitar esses acidentes, todo medicamento deve ser guardado fora do alcance das crianças, em lugares altos, secos e frescos. Rosiane lembra também que os pais precisam ter em mente que o remédio precisa de um tempo para fazer efeito e é necessário estar atento às dosagens e número de doses indicados para cada peso e idade.
Rosiane alerta, ainda, que os medicamentos pediátricos já possuem odor, sabor e coloração atrativos para crianças, portanto, é necessário que os pais não relacionem o medicamento a doces ou balas. "A conduta ideal é explicar que aquele é um remédio adequado para aquele momento em que ela está doente e destinado à cura", orienta.
Uma vítima desse tipo de acidente foi Ricardo, de 5 anos. A mãe dele, Carmen Lúcia Andrade, conta que, por um erro na impressão da receita, a criança que toma um medicamento para tratar a hiperatividade acabou recebendo uma dose diária seis vezes maior do que a adequada.
Carmen conta que Ricardo recebeu essa dosagem por dez dias até ter uma convulsão na escola onde estuda e teve que ser levado às pressas ao pronto-socorro, onde ficou internado por três dias. "O médico me disse que era apenas meio comprimido à noite. Mas, eu acho que então não deveria constar manhã e tarde na receita ou ter uma indicação de que não era para dar o medicamento nesses horários", desabafou.
O presidente do Conselho Regional de Farmácia, Paulo Roberto Ribeiro Diniz, diz que o alerta quanto ao uso adequado de medicamentos se estende aos adultos. Ele afirma que o uso racional pode ser traduzido pelo uso do medicamento apropriado para cada caso clínico, na dose correta, durante o tempo adequado e pelo menor custo possível, o que se aplica a todas as idades.