Alerta para o uso inadequado de remédios
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 04 de maio de 2009
Karla Losse Mendes<br> Equipe da Folha
Mais de um terço dos casos de intoxicação por medicamentos no Brasil atingem crianças menores de cinco anos, de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). A informação será destaque em um evento, hoje, Dia Nacional do Uso Adequado de Medicamentos, na Boca Maldita, em Curitiba, que pretende alertar a população quanto a importância do tema.
Somente no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, foram atendidas 113 crianças por ingestão indevida de remédios, no ano passado. Onze delas ficaram intoxicadas por uso de tranquilizantes e três por anticoncepcionais.
Para a coordenadora do curso de farmácia da Faculdades Pequeno Príncipe, Rosiane
Zibetti, os casos de acidentes com medicamentos ligados a crianças estão divididos entre as que se intoxicaram após ingerir medicamentos utilizados por familiares e as que receberam superdosagens de medicamentos pediátricos.
Ela ressalta que, para evitar esses acidentes, todo medicamento deve ser guardado fora do alcance das crianças, em lugares altos, secos e frescos. Rosiane lembra também que os pais precisam ter em mente que o remédio precisa de um tempo para fazer efeito e é necessário estar atento às dosagens e número de doses indicados para cada peso e idade.
Rosiane alerta, ainda, que os medicamentos pediátricos já possuem odor, sabor e coloração atrativos para crianças, portanto, é necessário que os pais não relacionem o medicamento a doces ou balas. "A conduta ideal é explicar que aquele é um remédio adequado para aquele momento em que ela está doente e destinado à cura", orienta.
Uma vítima desse tipo de acidente foi Ricardo, de 5 anos. A mãe dele, Carmen Lúcia Andrade, conta que, por um erro na impressão da receita, a criança que toma um medicamento para tratar a hiperatividade acabou recebendo uma dose diária seis vezes maior do que a adequada.
Carmen conta que Ricardo recebeu essa dosagem por dez dias até ter uma convulsão na escola onde estuda e teve que ser levado às pressas ao pronto-socorro, onde ficou internado por três dias. "O médico me disse que era apenas meio comprimido à noite. Mas, eu acho que então não deveria constar manhã e tarde na receita ou ter uma indicação de que não era para dar o medicamento nesses horários", desabafou.
O presidente do Conselho Regional de Farmácia, Paulo Roberto Ribeiro Diniz, diz que o alerta quanto ao uso adequado de medicamentos se estende aos adultos. Ele afirma que o uso racional pode ser traduzido pelo uso do medicamento apropriado para cada caso clínico, na dose correta, durante o tempo adequado e pelo menor custo possível, o que se aplica a todas as idades.