Marcelo AlmeidaRobazza: ‘‘Estamos correndo risco de vida e vamos ter que abandonar a casa’’As 40 famílias do Jardim Afonso Pena, em São José dos Pinhais(Região Metropolitana de Curitiba), começaram o ano com novas rachaduras nas paredes e o risco de desabamento de suas residências. O problema começou em 1995 e, segundo os moradores, teria sido provocado pela construção do novo terminal do Aeroporto Afonso Pena.
Com a obra, o solo foi impermeabilizado, dificultando a absorção da água de chuva. O resultado é que toda a água escoa para o córrego Ressaca, cuja vazão aumentou, provocando erosões em terrenos próximos. Nos últimos dias, o processo foi acelerado e o número de rachaduras vem crescendo.
No final de 1996, técnicos da Defesa Civil e da Prefeitura de São José dos Pinhais visitaram o local e constataram riscos de desabamento e a necessidade de relocação dos moradores. Esta semana, os técnicos foram chamados novamente ao bairro e condenaram duas casas à margem do córrego.
A família da costureira aposentada Margarida Simão Robazza, de 61 anos, terá que deixar o local assim que encontrar uma casa para alugar. ‘‘Moramos há 18 anos aqui, mas estamos correndo risco de vida e vamos ter que abandonar a casa’’, disse o montador de carros Valmir Robazza, de 40 anos.
Marcelo AlmeidaA costureira Margarida: obrigada a sair da casa onde mora há 18 anos
Ele é filho de Margarida e mora com a mulher e quatro filhos em duas casas (uma de madeira e outra de alvenaria) construídas no terreno. Uma área da casa de alvenaria voltada para o rio já desabou, e há grandes rachaduras no muro, calçadas e paredes.
‘‘Quando chove forte não dormimos - pegamos o chimarrão e ficamos conversando com os vizinhos’’, comenta Dóris Gilda Girardi, que também mostra rachaduras em sua residência.
Os moradores já entraram com duas ações civis públicas, contra a Infraero e a Prefeitura de São José dos Pinhais, pedindo correções aos danos ambientais e indenização às famílias. O processo foi encaminhado para uma vara de São José dos Pinhais, mas a Infraero pediu que o caso fosse analisado em nível federal e o Tribunal de Justiça deve emitir uma decisão sobre o assunto.
A Infraero alega que os problemas de erosão no local são antigos e não assume a responsabilidade pelas rachaduras e desabamentos fora da área do aeroporto.
‘‘Os moradores que tiverem que deixar o local deverão contabilizar os gastos com a mudança e exigir a indenização’’, disse Vitório Sorotiuk, advogado dos moradores e da Associação de Defesa Ambiental de Maringá.