Os dois detentos da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), acusados de comandar uma quadrilha de tráfico de drogas, mantinham contato com os demais integrantes através de Elizabeth Morais Machado. Ela é esposa de um dos detentos, Mateus dos Santos. A informação é do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado de Londrina (Gaeco), responsável pela autação de oito pessoas por tráfico, no domingo. A direção da unidade admitiu não haver controle do contato de presos com familiares. Segundo a direção da PEL, os dois sofrerão processo disciplinar.
Conforme o promotor Cláudio Esteves, do Gaeco, Santos e Agnaldo Nachi eram companheiros de cela na penitenciária. ''Ela (esposa de Santos) se conectava com eles e era orientada pelos presos sobre as coordenadas que a droga deveria seguir'', explicou Esteves.
Segundo ele, a quadrilha foi investigada por pelo menos quatro meses, até ser revelada, durante o último fim de semana, quando um dos atravessadores foi preso na rodovia que liga Arapongas a Londrina, com dois quilos de droga. ''O pagamento da droga era feito em forma de veículos financiados em Londrina, que eram remetidos a Ponta Porã com a documentação em dia'', informou.
Quatro pessoas foram presas em Londrina e outras quatro em Nova Londrina (Noroeeste), onde, segundo o Gaeco, funcionava um entreposto da droga vinda do Mato Grosso do Sul. Com os suspeitos foram apreendidos ainda nove quilos de cocaína e 1,7 quilo de crack. Santos e Nachi permanecem na PEL, enquanto os demais foram encaminhados para o 2º Distrito Policial de Londrina, de onde seriam remanejados ainda ontem. Segundo o promotor, eles responderão pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico e a pena pode superar 15 anos.
Esteves lembrou que Nachi foi preso pelo Gaeco, em junho do ano passado, acusado de coordenar um esquema semelhante de compra de cocaína. Na época, oito pessoas foram presas e 14 quilos de cocaína foram apreendidos.
Monitoramento
O diretor da Penitenciária Estadual de Londrina, Diógenes Gonçalves, admitiu que não há como monitorar o contato dos presos com seus familiares durante as três horas de visita (inclusive íntima) aos domingos. ''Não temos como impedir esse contato do preso com o mundo exterior através da família. No final de semana, ele pode passar verbalmente para um familiar o que quiser'', afirmou.
Segundo Gonçalves, os dois detentos sofrerão processo disciplinar e deverão ficar 30 dias sem visitas. A investigação do Gaeco não teria encontrado ligação de servidores com a quadrilha.
Ainda de acordo com o diretor, o controle permitido é na entrada dos visitantes (com revista pessoal e uso do banco detector de metais) e nas celas, durante o banho de sol dos presos. ''Só este ano apreendemos 16 celulares'', Gonçalves. A PEL tem capacidade para 504 presos provisórios e ontem contava 580. (Colaborou Luciano Augusto)