A Administração dos Cemitérios e Serviços Funerários de Londrina (Acesf) divulga nesta terça-feira (17), às 14 horas, o resultado da primeira análise de dez poços tubulares de monitoramento para fazer a medição da qualidade da água subterrânea nos cinco cemitérios urbanos municipais da cidade. Os equipamentos foram implantados nos cemitérios São Pedro e João XXIII (região central), Jardim da Saudade (região norte), São Paulo e Anchieta (região leste). Cada um dos locais recebeu dois poços.

Segundo o superintendente da Acesf, Douglas Pereira, o monitoramento da qualidade da água nos cemitérios não foi uma imposição, mas uma sugestão que surgiu em uma reunião entre o Ministério Público e Acesf perante a comunidade. "Foi para avaliar se os cemitérios influenciam nos lençóis freáticos. A medida possibilitaria dar mais transparência sobre a influência do chorume nessas águas. Quando chegamos aqui na Acesf esse processo de necessidade de monitoramento já estava em andamento", declara o superintendente.

Segundo ele, a empresa que está fazendo essa avaliação é a empresa Água e Minério Sondagens de Solo Ltda, de Curitiba, contratada, via licitação, para a realização dos serviços. Para a aquisição dos poços de monitoramento e amostragem, a Acesf investiu o montante de aproximadamente R$ 70 mil, perfazendo valor médio de R$ 14 mil para cada cemitério municipal contemplado. Os recursos são provenientes da arrecadação da Taxa de Manutenção dos Cemitérios Municipais, que é cobrada anualmente dos concessionários.

Foram implantados poços tubulares com profundidade máxima de 25 metros, localizados nas áreas internas dos cemitérios, e afixados nas partes mais baixas dos terrenos. a construção dos novos poços de monitoramento tem como foco principal a preocupação do Município com o meio ambiente, o que possibilitará um melhor controle da qualidade da água nos cemitérios. "A série de melhorias que a autarquia vem promovendo, em 2017, abarcando todos os cemitérios municipais e distritais, reforça o comprometimento da Acesf com a comunidade e mostra a importância da arrecadação da Taxa de Manutenção dos Cemitérios Municipais. É um recurso essencial que arrecadamos para fazer a manutenção e conservação dos cemitérios, revertendo-se em serviços de qualidade prestados ao cidadão", destacou Pereira.

O superintendente da Acesf informou que, em um segundo momento, a ideia é realizar investimentos para a construção dos poços também nos oito cemitérios dos distritos de Londrina. "No momento, esses espaços vem recebendo, aos poucos, outras melhorias como pavimentação e adequações estruturais", contou.

De acordo com Pereira, o geógrafo e o engenheiro da empresa responsável pela análise relatou que preliminarmente a água analisada não registrou contaminação. "Vocês saberão todos os resultados do laudo amanhã", apontou.

Caso o resultado seja confirmado, será um alívio à população, mas pode levantar outras questões, pois algumas análises realizadas no entorno do cemitério São Pedro há dois anos apontaram que existe contaminação por nitrato em poços artesianos de edifícios perfurados no entorno do cemitério em até 100 metros de profundidade. O nitrato é resultado da decomposição de matéria orgânica, e isso pode estar contaminando o Aquífero Serra Geral. A constatação foi feita em um trabalho em que o professor Maurício Moreira dos Santos orientou. Ele ministra aulas de Geologia e Poluição de águas subterrâneas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Londrina.

A portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde, estabelece que o nível de nitrato na água deve estar abaixo de 2 miligramas por litro (mg/l), mas a investigação encontrou concentrações de até 20 mg/l, ou seja 10 vezes mais do que o limite tolerável. "Nesse nível a água é considerada contaminada e um dos poços artesianos de um dos prédios da região central foi interditado por este motivo. Outros poços continuam operando misturando água da Sanepar para reduzir essa concentração, já que isso pode prejudicar a saúde das pessoas, tanto de homens, crianças e idosos, mas atinge principalmente mulheres grávidas, que podem ter a síndrome do bebê azul, em que a criança pode receber excesso de nitrito no organismo e pode enfrentar problemas de oxigenação e isso pode levá-la a morte", aponta.

Santos afirma que a instalação de poços de monitoramento no cemitério ajudarão a identificar se a contaminação vem do cemitério ou não, já que do ponto de vista científico, pela análise da água nos poços artesianos do entorno do cemitério, não é possível identificar a origem da contaminação. "Não se sabe se essa contaminação entra pelo sistema de fratura ou se entra pelo freático quando escava o poço artesiano, já que ao escavar o solo para a instalação do poço é preciso primeiro isolar a rocha do solo. Esse nitrato pode vir da decomposição de esgoto sanitário", aponta.