Nesta terça-feira (18) é comemorado do Dia do Médico, uma das profissões mais desafiadoras. Acompanhar a constante evolução da Medicina e enfrentar um mercado competitivo e muito bem regulado pelas agências reguladoras são alguns dos desafios que os jovens médicos têm encontrado pelo caminho.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Norte do Paraná, Alberto Toshio Oba, que este ano completa 30 anos de formado, observa que o aprendizado da época da faculdade é muito diferente do que sabe hoje. "Há 30 anos, eu sabia que a causa de uma úlcera era estresse, cigarro, má alimentação. Hoje, eu sei que é uma bactéria tratada com antibiótico", exemplificou o médico.
Para ele, a especialização excessiva também é um grande desafio para a profissão. A multiespecialização tem, na opinião dele, dificultado o profissional ver o paciente de forma global. "O médico não pode esquecer que ele está cuidando de um ser humano que tem sentimentos e medos. Seguindo a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), de que saúde é um bem-estar físico, psicológico e social, e eu acrescentaria espiritual, você tem que ter a noção que o ser humano é completo. Em 90% dos casos que atendo no consultório têm um fundo psicossomático bem evidente", comentou o médico.
O presidente do sindicato afirmou que o médico precisa estar preparado para atender esse paciente como um todo e, principalmente, focando no lado preventivo. "Você percebe que as pessoas vivem mais, mas não significa que vivem melhor. A Medicina como ciência tem que proporcionar para o paciente viver mais e melhor, através de uma prevenção bem feita", disse.
O sucesso do médico, no entendimento de Oba, passa pela compreensão que "ele deve tratar o paciente como um todo, estudar muito para obter um conhecimento esmerado em determinada área". "Eu diria que essa é a chave do sucesso do médico; tem que estar sempre buscando mais conhecimento. Precisa saber muito de muito."
Mas antes é preciso formar bons profissionais. O período de residência médica, onde o médico faz a escolha por uma especialidade, é fundamental. "Não se pode pensar em menos de quatro anos de residência para ter uma boa formação", disse.
No entanto, os profissionais que estão saindo das escolas de Medicina, nem sempre chegam preparados no mercado. O número faculdades vem aumentado, mas grande parte não tem estrutura, professores e residência. "O Brasil só perde em número de faculdades para a Índia e Estados Unidos. São mais de 200 escolas. Mas grande parte não tem condições de formar médicos de qualidade", criticou Oba.
Outro problema enfrentado pela categoria é a precarização da saúde. Segundo Oba, a má distribuição de profissionais é uma questão problemática. Hoje, o país conta com mais de 400 mil médicos, mas a proporção de profissionais em grandes centros e municípios do interior varia muito. "Nas cidades do interior você não tem condição para exercer a profissão", afirmou.
Para atrair médicos ao interior, a classe médica defende a adoção da carreira de médico do Estado. Onde o profissional que prestasse concurso público iniciaria a carreira em uma cidade pequena e iria crescendo por merecimento ou antiguidade. A proposta tem sido defendida pelas entidades médicas juntos aos parlamentares no Congresso Nacional.

COMEMORAÇÃO
Este dia 18 de outubro também marca a fundação da Associação Médica de Londrina. Com 1,5 mil associados, a entidade está comemorando 75 anos de fundação. A forte ligação da entidade com a cidade ao longo da história resultou em importantes avanços científicos em prol da população.
Para marcar essa trajetória a AML fará um jantar comemorativo na sexta-feira (21), na Vila Planalto. No local haverá uma exposição que contará a história da entidade.